O Brutalista se arrasta, tentando disfarçar sua falta de propósito | Crítica

O Brutalista Crítica The Brutalist análise do filme

Entre os principais filmes desta temporada de premiações, O Brutalista, dirigido por Brady Corbet, acompanha a jornada de Laszlo Toth (Adrien Brody), um arquiteto húngaro visionário que, no pós-guerra, migra para os Estados Unidos em busca de um recomeço. Chegando ao país sem dinheiro, sem contatos e sem divulgar sua experiência anterior, ele tenta reconstruir sua vida e carreira do zero.

A proposta do filme é ambiciosa, tanto em sua narrativa quanto em sua execução. Com impressionantes 3 horas e 35 minutos de duração, O Brutalista desafia os padrões comerciais e aposta em uma experiência lenta e contemplativa. No entanto, o filme se enrosca várias vezes na tentativa de ser algo a mais do que está nos mostrando.

Tecnicamente, o filme é impecável. A fotografia é belíssima, a direção de arte transmite muito bem o brilho do sonho americano, e as atuações são de alto nível. Adrien Brody entrega um desempenho sólido, capturando as nuances de um homem que oscila entre a humildade de um imigrante e a arrogância de um artista que redescobre sua genialidade. O elenco de apoio também se destaca, com nomes como Felicity Jones e Guy Pearce trazendo credibilidade aos seus papéis.

No entanto, apesar de seus méritos técnicos, O Brutalista é uma obra que exige paciência. A primeira metade do filme, embora não exatamente dinâmica, mantém o interesse do espectador ao construir a trajetória de Laszlo e sugerir um futuro incerto. Porém, na segunda metade, a narrativa perde força. O ritmo se arrasta, a tensão inicial desaparece e a jornada do protagonista se torna menos envolvente. A relação de Laszlo com sua esposa (vivida por Felicity Jones) é um exemplo disso: durante a primeira parte, há uma grande expectativa em torno do reencontro dos dois, mas quando isso acontece, a personagem não tem um impacto significativo na história, tornando-se apenas uma figura secundária sem grande desenvolvimento.

Assista ao trailer de ‘O Brutalista’

O roteiro também se mostra perdido em vários momentos, tanto que a cena final ousa adicionar um punhado de explicações para tudo o que assistimos nas últimas três horas. Isso soa quase como uma ofensa, como se a direção desrespeitasse a inteligência do espectador – ou pior, mostra o quanto a própria produção estava empenhada em parecer ser mais do que realmente é.

Além da questão narrativa, O Brutalista também está envolto em polêmicas relacionadas ao uso de inteligência artificial. Antes mesmo do lançamento, foi revelado que a produção utilizou IA para modificar a voz de Adrien Brody, dando-lhe um sotaque húngaro mais fluido. Além disso, algumas das ilustrações e projetos arquitetônicos apresentados no filme foram gerados por IA, o que levanta debates sobre a autenticidade da arte e o impacto da tecnologia na produção cinematográfica. Essas escolhas técnicas não comprometem o enredo diretamente, mas geram questionamentos sobre a natureza da atuação e da criação visual dentro do longa.

No fim, O Brutalista é um filme que será lembrado tanto por suas qualidades visuais e interpretativas quanto por sua excessiva duração e narrativa fragmentada. Sua abordagem sobre imigração, identidade e a obsessão pelo sucesso artístico tem potencial, mas a execução torna a experiência cansativa. É uma jornada cinematográfica ousada, mas também é um exercício de paciência que não recompensa o espectador na mesma medida em que exige dele.

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