É muito difícil ser fã de quadrinhos e nunca ter ouvido falar em Maus, de Art Spiegelman, que reconta as experiências de seu pai, Vladek Spiegelman, um judeu polonês sobrevivente do Holocausto. A narrativa alterna entre as entrevistas de Art com seu pai nos anos 1970 e a história de Vladek durante a Segunda Guerra Mundial.
Nos dias de hoje, uma produção sobre a Segunda Guerra Mundial não é nenhuma novidade. Temos a rodo diversos filmes e livros que retratam histórias de heroísmo e terror das barbaridades vivenciadas na época. Mesmo assim, Maus ainda consegue ser bastante diferente e trazer um quê de ineditismo e diferenciação por sua criatividade narrativa.
Veja a capa brasileira de Maus
Uma das coisas que chama atenção logo de cara é a forma como os seus personagens são retratados. A obra usa animais antropomorfizados para representar diferentes grupos étnicos e nacionais: os judeus são retratados como ratos, os alemães como gatos, os poloneses como porcos, e assim por diante. Essa escolha se mostra uma ótima metáfora para expor as divisões e preconceitos dos povos na época, pois, além de didático, é também provocante.
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O quadrinho é cheio de metalinguagem e aborda temas como trauma, memória, sobrevivência, e as dificuldades de contar uma história tão pessoal e dolorosa. Mas de alguma forma também encontra espaço para ser muito bem humorado, capaz de arrancar boas gargalhadas entre uma tragédia e outra. Esse equilíbrio mais uma vez eleva Maus a um patamar diferente de qualquer obra do gênero.
Fazendo uma comparação rápida, O Diário de Anne Frank também nos conta uma faceta do terror da 2ª Guerra Mundial, e é uma história difícil de se digerir. Em Maus, dadas as devidas diferenças, Art lida com as complexidades de sua relação com seu pai, que é ao mesmo tempo heroico e falho, e escolhe contar o pré, durante e pós guerra, de forma genuína. Ao fazer parte daquela história, Art dá voz ao leitor, nos ajudando a decifrar e superar certos eventos de forma leve e inteligente.
Maus nunca ganhou uma adaptação fora dos quadrinhos e, de fato, é muito difícil imaginar essa história funcionando fora da nona arte. Seus desenhos são poderosos, e em suas sutilezas conseguem ilustrar o cenário de terror do holocausto. Tudo é tão incrível que a obra não necessita de nenhum clichê apelativo para nos fazer prestar atenção. E para além da leitura, uma ótima experiência é reparar na forma como os quadrinhos estão alinhados — ou desalinhados — sempre servindo à fluidez da narrativa.
Curiosidades sobre Maus
Maus foi lançado originalmente em capítulos na revista de quadrinhos underground Raw, que era editada por Art Spiegelman e sua esposa, Françoise Mouly. A publicação em Raw começou em 1980. Posteriormente, os capítulos foram compilados e lançados em formato de livro pela Pantheon Books. A primeira parte, Maus I: My Father Bleeds History, foi publicada em 1986, e a segunda parte, Maus II: And Here My Troubles Began, foi lançada em 1991.
A obra foi a primeira graphic novel a ganhar o Prêmio Pulitzer em 1992, premiação entrega a pessoas que realizem trabalhos de excelência na área do jornalismo, literatura e composição musical.
No Brasil, o quadrinho foi lançado em uma edição definitiva pela Quadrinhos na Cia, selo de HQs da editora Companhia das Letras.
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