O que são Doramas? Um guia completo para você entender melhor o que é esse fenômeno

o que é um dorama Father is Strange

Seja no transporte coletivo da sua cidade, em uma sala de espera qualquer ou até mesmo em casa, você já viu alguém assistindo “coreanos” no celular, TV ou computador. Essas “séries de coreanos” se chamam Doramas, e não são só coreanas não, tá? Podem ser japonesas, chinesas e até tailandesas.

Neste artigo você conhecerá um pouco sobre a história dos Doramas e suas vertentes, além de entender o porquê do seu sucesso aqui no ocidente. 

O que são Doramas?

Os doramas surgiram no Japão em meados da década de 1950, junto à criação das primeiras emissoras de televisão e Sano no Fue (1953), que foi a primeira novela transmitida pelo canal japonês NHK. O termo “dorama” deriva da pronúncia japonesa da palavra em inglês “drama” que representa algumas séries originais da língua inglesa.

A definição de dorama é, em resumo, ficções seriadas do Leste e Sudeste da Ásia. Diferente da concepção Ocidental, o conceito não expressa o gênero drama, mas sim o formato dessas produções. Doramas sul-coreanos (ou k-dramas) têm, geralmente, uma temporada com 16 episódios e a duração desses episódios varia de uma hora até uma hora e meia.

Há também doramas que possuem 32 episódios de 30 minutos de duração cada (fazendo as contas, também resulta em 16 episódios de uma hora). Existem até doramas que passam de 50 episódios de uma hora de duração ou 100 episódios de 30 minutos. 

Os japoneses (ou j-dramas) têm entre 8 e 12 episódios de 45 à 60 minutos de duração. Muitos deles também são adaptações de animes.

Os c-dramas, doramas da região da China, às vezes de Taiwan (tw-dramas), possuem cerca de 40 episódios com duração de 40 à 50 minutos.

Há, também, doramas originais da Tailândia (lakorns). Os mais conhecidos doramas tailandeses seriam os BLs, abreviação do termo Boys Love, doramas que possuem como protagonistas homens LGBTQIAP+.

O Serviço de Cultura e Informação Coreano (KOCIS), afirma que o que faz os doramas serem tão curtos é o fato do episódio final já ser estipulado mesmo antes do início da sua produção, ou seja, existe uma predeterminação de quanto tempo o dorama vai durar. Quando a série chega ao fim, jamais são deixadas pontas soltas para existir a possibilidade de uma sequência. Os nomes dos envolvidos são anunciados com antecedência, reunindo público que se interesse pelas respectivas celebridades. 

As temáticas dos doramas são bem similares, independente da regionalidade. E ao contrário do que se pensa, nem sempre são românticos. Dorama, como dito anteriormente, é um formato, e dentro desse formato existem diversos gêneros que podem ser abordados.

Claro que a maioria é de romance, afinal, esse é o motivo de tanto sucesso, mas hoje já existem doramas que não possuem nenhum romance em sua narrativa. A maioria das produções asiáticas citadas aqui trazem críticas sociais em seu roteiro. Um dorama pode ser de terror, suspense, comédia, slice of life, drama, ação, ficção científica, e muito mais. Há doramas para todos os gostos!

E por que os doramas coreanos fizeram mais sucesso que os japoneses?

Mesmo quando o Japão não tinha uma política internacional para divulgação de sua cultura, seus produtos eram disseminados pelos próprios fãs que disponibilizavam através de fansubs (legendas por fãs/legendas não oficiais), os doramas e legendas, desvinculados dos estúdios oficiais.

Por muito tempo os k-dramas e os c-dramas eram disseminados através da pirataria também, mas atualmente ambos possuem muito espaço nas plataformas de streaming. A maiora dos lakorns infelizmente também só está disponível através de fóruns de fãs e em plataformas próprias para produções audiovisuais asiáticas, como, por exemplo, o Viki

Viki Doramas lakorns
Plataforma de streaming de doramas coreanos, chineses, tailandeses, etc. | Reprodução/Rakuten Viki

Mas a pirataria também causava um grande problema de direitos autorais das emissoras e produtoras japonesas, já que as reproduções não eram pagas e, consequentemente, nem seus direitos. E com isso os j-dramas foram perdendo visibilidade.

A falta de uma política internacional por parte do Japão nos anos em que os doramas estavam em seu auge também dificultou a disseminação. Isso ocorreu nos anos 90, quando o país começava a passar por dificuldades internas, onde a economia começava a apresentar deflação depois de uma época de crescimento.

O Japão estava ocupado em resolver o envelhecimento da população, as taxas de natalidade que começavam a decair, entre outros problemas societais considerados graves. Mas de uns anos para cá, os j-dramas estão se popularizando novamente, a exemplo de Alice in Bordeland, dorama original da Netflix. Eles também estão disponíveis no Viki.

Doramas japonês de sucesso da Netflix, Alice in Borderland
Dorama japonês de sucesso da Netflix, Alice in Borderland | Reprodução/Netflix

Mas o que levou aos k-dramas a se popularizarem muito mais foi a conhecida Hallyu (ou Onda Coreana). 

Hallyu, a Onda Coreana

Hallyu, ou Onda Coreana, é um movimento que representa os reforços que a Coreia do Sul fez em diversas formas para exportar sua cultura e movimentar sua economia após o período da ditadura militar no final dos anos 1980.  A expressão começou a ser utilizada na década de 1990 para descrever o crescente interesse internacional na cultura coreana, incluindo música, filmes, dramas de TV, moda, comida, jogos e muito mais.

Apesar de ter chegado no Brasil após os anos 2000, o movimento começou bem antes na China e no Japão, justamente nos anos 1980 e 90. Filmes de ação produzidos em Hong Kong e animações japonesas foram ganhando popularidade em outros países do leste asiático. Porém, mudanças nas políticas de mídia da região e a Crise Financeira Asiática de 1997 acabaram criando possibilidades para as produções audiovisuais sul-coreanas.

A crise permitiu que a Coreia do Sul comprasse materiais para suas produções em dólar, o que colocou seu preço de exportação abaixo da média de mercado e conseguiu entrar nas grades de programação da China. Começou então, a Hallyu. 

Em entrevista para o NerdBunker, a pesquisadora Daniela Mazur afirmou que: “Foi a partir desse cenário de abertura que a Coreia do Sul conquistou seus primeiros públicos estrangeiros para exportação e consumo de dramas de TV. Começando sua expansão pelos territórios da esfera chinesa, como China, Hong Kong e Taiwan, passando pelo Vietnã, para então conquistar o Japão e outros países. Com esses primeiros passos televisivos para além-Coreia, outros produtos nacionais começaram a ser difundidos para esses mercados estrangeiros, dando-se assim início ao fenômeno cultural da Onda Coreana.”

A Onda Coreana foi ganhando impulso ao longo dos anos e se tornou um fenômeno global. Diversos elementos contribuíram para a sua popularidade, como a ascensão do K-pop, com grupos e artistas como BIGBANG, 2NE1, Girls Generation, EXO, entre outros, conquistando fãs em diversos países. Os k-dramas também desempenharam um papel importante ao atrair audiências internacionais com suas histórias envolventes e atuações cativantes.

Além disso, a indústria cinematográfica sul-coreana ganhou reconhecimento internacional com filmes aclamados e premiados, como “Parasita” (2019), vencedor do Oscar de Melhor Filme em 2020, aumentando ainda mais a visibilidade da cultura coreana no cenário mundial.

Em resumo, a Hallyu representa a onda de popularidade da cultura coreana em escala global, influenciando e encantando pessoas em diferentes partes do mundo e tornando a Coreia do Sul uma referência cultural significativa no cenário internacional.

Influência dos Doramas no Brasil

No Brasil não seria diferente, a onda dos k-dramas é absurda. Fora da Coreia do Sul, o Brasil é o segundo país que mais assiste a doramas, atrás apenas dos Estados Unidos, de acordo com o Viki (em 2022), o streaming voltado para produções asiáticas. São 4,5 milhões de brasileiros que pagam, em dólar, entre R$ 25 e R$ 50 para ter acesso à plataforma, lançada no país há seis anos.

Para termos de comparação, a Netflix, no início do ano passado, tinha 19 milhões de assinantes no país. A HBO Max, lançou no dia 20 de julho seu primeiro dorama coreano “abrasileirado”, o “Além do guarda-roupa” com atores brasileiros e coreanos, assim como sua produção.

Já a pesquisa do Ministério da Cultura, Esportes e Turismo, realizada em 18 países pela Fundação Coreana para Intercâmbio Cultural Internacional, entre setembro e novembro de 2020, revelou que o Brasil é o terceiro lugar no mundo e o primeiro nas Américas onde houve maior aumento de audiência dos doramas coreanos. 

Essa febre toda por conta da diferença entre as produções ocidentais já citadas aqui. A rapidez com que se assiste, a variedade de narrativas de um dorama para outro, os temas próximos da vida, mas que, ao mesmo tempo, se distanciam da realidade pesada onde os telespectadores estão inseridos, além, claro, do romance mamão com açúcar e inocente para quem curte o gênero.

E aí você já sabia sobre alguns desses fatos sobre os doramas? Quer saber mais alguma coisa? Conta para a gente aqui no 6×7.

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