Mais Pesado é o Céu, dirigido por Petrus Cariry, convida o espectador a uma jornada introspectiva, onde a aridez das paisagens do sertão cearense se torna palco de uma história carregada de melancolia, desesperança e uma fé que definha lentamente. A obra, protagonizada por Ana Luiza Rios (Teresa) e Matheus Nachtergaele (Antonio), explora de maneira sutil e poderosa a complexidade das emoções humanas em um contexto de sobrevivência e desilusão.
O filme nos conduz por uma jornada onde a expectativa se torna quase uma tortura, tanto para os personagens quanto para o espectador. A narrativa é construída de tal forma que sentimos uma espécie de dó pelos protagonistas, que permanecem presos em uma realidade estagnada, onde nada de significativo parece acontecer. À medida que o tempo passa, a frustração cresce, e nos pegamos questionando o destino desses personagens: para onde essa história os levará?
Assista ao trailer de Mais Pesado é o Céu:
Matheus Nachtergaele, conhecido por muitos como o cômico João Grilo de O Auto da Compadecida, revela aqui uma faceta dramática e profundamente tocante. Sua interpretação de Antonio é uma prova de sua versatilidade como ator. Nachtergaele constrói um personagem marcado pelo fracasso, mas que tenta se manter firme na fé de que algo bom ainda pode acontecer, mesmo quando a realidade insiste em dizer o contrário. Sua performance é sutil, evitando exageros, mas carregada de uma dor palpável, que transborda nos pequenos gestos e nas expressões cansadas de quem já perdeu quase tudo — menos a vontade de continuar.
Por outro lado, Ana Luiza Rios, que interpreta Teresa, se destaca ao criar uma personagem misteriosa e cheia de camadas. Teresa não é apenas uma sobrevivente, mas uma figura central que guia o rumo da narrativa. Enquanto Antonio hesita, é Teresa quem toma as rédeas, buscando maneiras de continuar em frente, mesmo quando tudo ao redor parece ruir. A interpretação de Rios revela a dureza e a resiliência de uma mulher que, apesar das adversidades, se recusa a ceder ao desespero completo. A sua personagem também levanta questões sobre o sexismo e o papel da mulher em um contexto onde sobreviver é um ato de resistência diária.
LEIA NOSSA CRÍTICA DE MOTEL DESTINO >>> Motel Destino é autêntico ao combinar suspense e humor com doses de erotismo
O filme nos conduz através de uma jornada de expectativas frustradas, onde o tempo parece passar lentamente, e as promessas de um futuro melhor se esvaem a cada minuto. Petrus Cariry, com sua direção precisa, utiliza os elementos visuais do sertão cearense para reforçar essa atmosfera de desolação. As paisagens áridas, os cenários vazios e a aura opressiva são quase personagens por si só, refletindo o estado interno dos protagonistas. Para os cearenses, há um reconhecimento imediato dos locais e dos sonhos representados no filme, que capturam a essência de uma realidade que é, ao mesmo tempo, bela e brutal.
Mais Pesado é o Céu é um filme que desafia o espectador a confrontar a crueza da vida real, onde as jornadas heroicas nem sempre culminam em vitórias. A obra nos lembra que, muitas vezes, a sobrevivência é o único objetivo alcançável, e que o final pode não ser o que esperávamos, mas ainda assim, é um final. Essa reflexão profunda é o que torna o filme tão impactante, deixando uma marca duradoura em quem assiste.
Ao fim do longa, fica uma sensação de vazio, não pela falta de acontecimentos, mas pela dura constatação de que, no mundo real, a esperança pode ser uma ilusão e a fé, um fardo pesado demais para carregar. No final das contas, Mais Pesado é o Céu oferece um retrato cru e honesto da falência das expectativas, onde a esperança é lentamente corroída pela realidade implacável de um mundo que não atende aos desejos e sonhos de seus habitantes.
E para ficar por dentro das principais informações sobre a cultura pop, siga @6vezes7 no Instagram, TikTok e Twitter!