Crítica | Maníaco do Parque é uma experiência intensa e perturbadora que mantém a tensão do início ao fim

Análise Crítica Maníaco do Parque primevideo onde assistir o filme é bom?

Maníaco do Parque é um filme brasileiro de true crime que revive um dos casos mais chocantes da história criminal do Brasil: os assassinatos cometidos por Francisco de Assis Pereira, conhecido como o “Maníaco do Parque“. Na década de 1990, ele foi acusado de abusar de 21 mulheres e assassinar 10 delas, crimes que aterrorizam até hoje. O filme, dirigido por Mauricio Eça (A Menina que Matou os Pais, 2021), é uma experiência intensa e perturbadora que mantém a tensão do início ao fim, incomodando e prendendo o espectador com uma narrativa que beira o terror psicológico.

A trama foca na investigação conduzida por Helena, interpretada por Giovanna Grigio, uma jornalista investigativa que, além de enfrentar o desafio profissional de desvendar os crimes, também se vê em meio ao machismo estrutural de uma redação dominada por homens. A jornada de Helena é um paralelo interessante ao confronto com o serial killer, estabelecendo uma metáfora eficaz: uma mulher, lutando em um ambiente masculino, desafiando um vilão cujo alvo são mulheres. O filme equilibra bem essa narrativa, mostrando o impacto que a investigação tem sobre Helena enquanto o maníaco continua fazendo novas vítimas.

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Giovanna Grigio e Christian Malheiros (Divulgação/PrimeVideo)

O destaque absoluto do filme é a performance de Silvero Pereira como Francisco, o Maníaco do Parque. Silvero, que já havia mostrado seu talento em Bacurau (2019), entrega aqui uma interpretação assustadora e convincente. Sua transformação no personagem é tão intensa que, por vezes, torna-se difícil enxergar o ator por trás do vilão. Ele encarna a tensão e o pavor que a figura de Francisco provoca, sendo, sem dúvida, o ponto mais forte do filme.

Maniaco do Parque Silvero Pereira PrimeVideo
Silvero Pereira em cena como Maníaco do Parque (Divulgação/PrimeVideo)

Ainda que Maníaco do Parque tenha qualidades marcantes, ele apresenta alguns problemas na direção e montagem. Mauricio Eça, conhecido por dirigir a trilogia sobre o caso de Suzane von Richthofen, demonstra certos vícios de estilo que, em alguns momentos, prejudicam a fluidez da narrativa. Transições exageradamente elaboradas e repetitivas, como zooms constantes em prédios e closes abruptos nos rostos dos protagonistas, podem cansar o espectador. Esse recurso, embora tenha sido usado para criar tensão, se torna previsível e, por vezes, distrai da trama.

Além disso, o filme peca em alguns diálogos que soam expositivos demais, deixando pouco espaço para o espectador preencher as lacunas da história. Se por um lado o filme acerta em não explicitar toda a violência, permitindo que a imaginação complete os horrores, por outro, falha ao entregar informações de forma demasiado direta, retirando parte da sutileza que poderia enriquecer a experiência. A personagem de Helena, por exemplo, é auxiliada por sua irmã psicóloga, que convenientemente possui um vasto conhecimento sobre serial killers, criando uma solução um tanto forçada para o desenrolar da trama.

Apesar desses defeitos, o filme se mantém envolvente e provoca uma sensação constante de desconforto. O roteiro é sólido e mantém a atenção do público, mesmo que sua execução apresente falhas em alguns pontos. A violência implícita e a tensão psicológica são elementos bem trabalhados, levando o espectador a um estado de alerta durante todo o filme.

Maníaco do Parque é um exemplo de como o cinema brasileiro pode explorar o gênero true crime com qualidade, oferecendo uma experiência instigante e intensa. Embora tenha alguns tropeços técnicos e narrativos, o filme compensa com uma história bem construída e uma atuação de destaque de Silvero Pereira. No final, o longa consegue entregar o que promete: uma imersão perturbadora no universo de um dos serial killers mais notórios do Brasil.

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