A continuidade excessiva de produções de uma mesma franquia é a derrocada de inúmeros sucessos do terror. O gênero já viu grandes nomes como O Massacre da Serra Elétrica (1974-2022), Halloween (1978-2022), A Hora do Pesadelo (1984-2010) e Atividade Paranormal (2007-2021) saírem da categoria de estrondosos resultados de bilheteria e crítica para fracassos assustadores. Não demorou muito para que o Universo Invocação do Mal também caísse nesse hall da infâmia.
Totalizando nove produções, o universo estendido de histórias sobrenaturais não tem um sucesso verdadeiro desde o lançamento de Annabelle 2: A Criação do Mal, em 2017. Nesta quinta-feira (7), chega aos cinemas o nono episódio da saga de terror, A Freira 2, completando 10 anos de produções. No entanto, o que começou como um revigorante filme estrelado por Vera Farmiga e Patrick Wilson se tornou uma franquia multibilionária que tem dado prejuízos mais assustadores do que suas produções.
O mais novo lançamento da franquia é a continuação da história sobre Valak, a freira demoníaca. Retornando aos seus papéis, Bonnie Aarons, Taissa Farmiga e Jonas Bloquet estrelam A Freira 2 ao lado de Anna Popplewell, Storm Reid e Katelyn Rose Downey. O retorno do trio, que o público já conhece desde o primeiro longa-metragem sobre Valak, é o primeiro sinal da falta de inventividade da produção. Assim como em filmes anteriores do universo, o projeto soa como algo desnecessário e repetitivo – ainda que alcance um resultado melhor do que A Freira (2018).
Os problemas de A Freira 2 estão diretamente ligados ao processo de franquialização das produções hollywoodianas. E, quando o assunto é terror, essas histórias penam ainda mais. O longa sofre porque está dentro de um universo cansado e não o renova. Ele também não é capaz de se sustentar sozinho como uma narrativa a parte porque se prende excessivamente ao que veio antes. É mais um filme tentando não se afogar no mar de mediocridade que se tornou a franquia iniciado pelo diretor James Wan.
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A única inovação de A Freira 2 é intensificar algumas cenas, tornando elas mais violentas – o que não é um ponto necessariamente positivo. As cenas mais gráficas em nada acrescentam na história e também não geram momentos aterrorizantes ao espectador. Na verdade, parece que elas existem única e exclusivamente para chamar mais atenção do público já que produções mais gráficas têm ganhado cada vez mais espaço nos últimos anos. É mais uma tentativa (falha e desnecessária) para tentar salvar o filme.
A verdade é que o Universo Invocação do Mal está em maus bocados há anos. A franquia tem se apoiado no sucesso do que ela já foi um dia para tentar manter viva a expectativa de que há esperança no futuro. Foi daí que veio A Freira 2. O retorno de Valak num contexto ainda mais obscuro seria uma opção para prender a atenção do público, no entanto não é o que eles conseguem como resultado.
Se o novo projeto da franquia tivesse sido o primeiro (e único) sobre a freira demoníaca, talvez fosse um sucesso. O espectador, porém, está desacreditado desde de tantos fracassos sucessivos. Fora que a mediocridade do terror apresentado em A Freira 2 não colabora com uma mudança de perspectiva. Em um período onde Fale Comigo (2023) está nos cinemas, uma produção como essa, que se repete em exaustão, não tem muita chance, ainda que seja melhor do que a maioria das últimas produções do universo estendido.
Assista ao trailer de A Freira 2: