Chegar ao fim de uma série que conquistou o público desde o início é sempre um desafio, mas Cobra Kai encerrou sua trajetória com a energia e empolgação que a tornaram um fenômeno. Desde suas primeiras temporadas, a série encontrou uma maneira única de revitalizar o universo de Karatê Kid, colocando Johnny Lawrence (William Zabka) no centro da narrativa e introduzindo personagens carismáticos, como Miguel (Xolo Maridueña). Agora, em sua sexta e última temporada, a produção resgata esse espírito inicial, entregando um desfecho recheado de emoção, nostalgia e muita trocação de socos.
O maior defeito dessa temporada talvez seja o fato de ser dividida em três partes, uma estratégia controversa da Netflix, que não lança episódios semanalmente, mas opta por espaçar os lançamentos em blocos. Essa escolha prejudica a fluidez da experiência — pois torna mais difícil lembrar dos acontecimentos anteriores —, mas mesmo assim os roteiristas souberam estruturar cada parte de maneira envolvente. Os ganchos mantêm a tensão e garantem que o público se mantenha investido na história até o fim.
E os fãs tem muito do que gostar aqui! Miguel volta a ocupar o protagonismo de forma significativa, enquanto Johnny Lawrence recebe o seu tão aguardado arco de redenção definitivo. Desde o início da série, acompanhamos sua evolução: de um homem falido emocionalmente, preso ao passado e aos traumas de sua derrota para Daniel LaRusso (Ralph Macchio), a alguém que finalmente encontra paz e propósito. O desfecho do personagem é emocionante, coroado com sua vitória no torneio, um momento que ressignifica sua jornada e que serve como o grande ápice da temporada.
Além disso, Cobra Kai nunca teve medo de entregar fanservice, e aqui isso acontece de maneira grandiosa. As vitórias de Miguel, Tory (Peyton List) e do próprio Johnny são momentos catárticos, que resgatam o espírito dos filmes originais e fazem jus ao carinho que os fãs cultivaram pelos personagens ao longo dos anos.
No entanto, apesar do entusiasmo e da forte carga emocional, a temporada também apresenta falhas evidentes. As coreografias de luta, por exemplo, não são tão impactantes quanto poderiam ser, e alguns momentos dramáticos carecem de maior desenvolvimento. Há conveniências narrativas e elementos que são simplesmente ignorados pelo roteiro. Personagens como Kim Da-Eun (Alicia Hannah-Kim) têm desfechos abruptos — sua ação extrema contra o próprio avô, por exemplo, é tratada de maneira rasa, sem as consequências esperadas. Da mesma forma, John Kreese (Martin Kove) e Terry Silver (Thomas Ian Griffith) encontram um destino trágico sem que a série explore o impacto dessas mortes de forma significativa.
Além disso, há a questão do Red Dragon, o dojo rival que surge com uma construção interessante, mas cujo arco não é devidamente trabalhado. A série sugere que esses personagens são mais do que simples vilões, mas nunca lhes dá o espaço necessário para um aprofundamento real. Ao final, eles são apenas obstáculos descartáveis, o que tira parte da força dramática de seus conflitos.
Apesar desses deslizes, Cobra Kai sempre soube qual era o seu foco: a jornada dos protagonistas e a emoção que ela desperta. No calor do momento, é fácil relevar os problemas estruturais e se deixar levar pelo espetáculo. A temporada final pode não ser perfeita, mas é um encerramento digno, capaz de deixar os fãs satisfeitos e emocionados. Afinal, o que começou como um projeto nostálgico se transformou em uma das séries mais divertidas e carismáticas da Netflix, e isso, por si só, já é um grande triunfo.
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