Presença constante no Sana há vários anos, o renomado dublador Wendel Bezerra marcou presença mais uma vez no evento e, além de participar de algumas apresentações abertas ao público, concedeu uma coletiva de imprensa. (VIA: Boletim Nerd).
O momento abordou diversos temas relevantes no universo da dublagem, com destaque para as controvérsias recentes relacionadas ao “português neutro” e à dublagem por inteligência artificial (IA).
Quando questionado sobre conselhos para aspirantes a dubladores, Wendel enfatizou a importância de se especializar como ator e de se esforçar ao máximo. Ele observou que, com a crescente integração da inteligência artificial na dublagem, é fundamental aprimorar o trabalho para se destacar.
“Quanto melhor você desempenha o seu trabalho, mais difícil é ser substituído“, destacou. “Aperfeiçoe-se na tradução, na adaptação e na interpretação […] esteja preparado para se destacar quando surgir a oportunidade. Se você pode ser substituído por uma máquina, algo está errado“, concluiu.
Embora não tema uma possível ameaça das IA, Wendel vê a tecnologia como um recurso valioso que pode impulsionar os dubladores a aprimorar seu trabalho. No entanto, ele ressalta a importância de regulamentações por parte das associações de artistas de voz para proteger tanto os profissionais quanto as empresas.
No Sana 2024, Wendel Bezerra concedeu uma entrevista para o 6vezes7, onde comentou o uso de I.A. na dublagem e o movimento Dublagem Viva. Você pode assisti-la no vídeo abaixo ou pelo Instagram clicando aqui.
Além disso, também brincou ao citar a estranheza nas adaptações que uma Inteligência Artificial faz de uma língua para outra. No momento, ele citou o lutador brasileiro Anderson Silva, conhecido por sua voz fina. Wendel disse que Anderson “nasceu mal dublado”. Confira clicando aqui.
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Wendel Bezerra comenta a dublagem com sotaque neutro
Quando abordado sobre a centralização dos estúdios de dublagem nos polos do Rio de Janeiro e São Paulo, Wendel destacou a questão do sotaque neutro. Segundo ele, é crucial aplicar um sotaque neutro em todas as regiões para evitar estranhamentos por parte do público.
“Um sotaque muito carregado de São Paulo ou um sotaque muito ‘chiado’ do Rio de Janeiro podem ser problemáticos para o resto do país“, explicou. “É importante neutralizar os sotaques para não regionalizar excessivamente o trabalho. Devemos considerar que as cinco regiões do país assistirão à produção. Quanto mais neutro, melhor para a audiência como um todo“, concluiu.
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Vale relembrar
Durante a edição do Sana de 2022, o dublador e diretor de dublagem Manolo Rey também comentou sobre a dublagem neutra. Na época, Manolo citou o recente caso da Juliette, influenciadora e vencedora do BBB21, que alegou ter sofrido xenofobia ao fazer um teste de voz.
Manolo Rey declarou que não existe sotaque neutro na dublagem, uma vez que cada dublador possui sua regionalidade enraizada, mas que deve ser realizada uma suavização no jeito de falar, para que não fique algo muito carregado:
“Quando a gente faz um filme, a gente dá uma suavizada… normal. Mas vocês vão ver que é um carioca […] então assim, no Rio de Janeiro, por exemplo, tem gente do Brasil inteiro. O sotaque não vai mudar em nada a experiência de ver o filme, né!? Porque não existe… vou repetir, não existe sotaque neutro. Isso é uma balela.“
E continua, citando exemplos onde o sotaque colabora com o resultado positivo, como é o caso de Tadeu Mello, que dá voz ao Sid de A Era do Gelo, “é maravilhoso… ele solta ali o sotaque dele e é maravilhoso aquele personagem“, disse.