Wendel Bezerra, ator, dublador e diretor de dublagem que ficou eternizado como voz do Goku, Bob Esponja e tantos outros personagens, esteve presente no evento Sana, em Fortaleza, que aconteceu no último final de semana (27, 28 e 29).
Cerca de 71 mil pessoas passaram pelo Centro de Eventos no Sana 2023 (Parte 1), realizado no último fim de semana. Pessoas de várias idades e gostos puderam desfrutar das mais diversas atrações e espaços durante as mais de 30 horas transcorridas nesses dias do maior festival geek do Norte e Nordeste. Nessa conta, entra o público proveniente da parceria do Sana com as escolas públicas de Fortaleza, Caucaia, Aquiraz e Maranguape. Além de ONGs e Secultfor (Secretaria de Cultura de Fortaleza) – que somam juntas 11.164 pessoas. “Essas parcerias são uma forma de democratizar a cultura para que mais jovens tenham acesso”, explica Daniel Braga, diretor do evento.
Na ocasião, Wendel Bezerra concedeu uma entrevista exclusiva ao 6vezes7, onde comentou sobre adaptações brasileiras na dublagem e toda a burocracia por trás desses processos.
Antes da Era do streaming, era bastante comum vermos adaptações “abrasileiradas” nos títulos de filmes, nomes de personagens e até diálogos dentro das obras. Nós então o perguntamos sobre como isso é visto na dublagem nos dias de hoje, já que o acesso ao material original é bem mais fácil, tendo assim uma comparação imediata.
O dublador respondeu:
“Antigamente, as decisões ficavam muito por conta dos diretores de dublagem. Hoje, que é mais globalizado, as grande empresas tem departamentos que cuidam especificamente de dublagem. Então, são decisões mais do cliente. É claro que conversa-se com estúdio e tal, quando eles tem alguma dúvida, mas são decisões que partem deles. São decisões muito mais de escritório do que de estúdio [de dublagem], então, normalmente, já chega pros estúdios definidos: ‘esse nome vai ser assim’, ‘esse vai ser assado’, ‘esse precisa adaptar'”.
Para ilustrar, Wendel citou o exemplo do anime Jojo’s Bizarre Adventure, que possui muitas referências à bandas e músicas, sendo necessárias várias adaptações para driblar os direitos autorais e ainda assim manter as referências.
Assista a esse corte da entrevista em nossa página no Instagram.
Citando o recente caso envolvendo o dublador Guilherme Briggs, o questionamos sobre o uso de materiais não oficiais na dublagem, como traduções de scans e dublagens feitas por fãs, se isso acaba atrapalhando ou influenciando em algo na versão oficial da dublagem em português, e ele disse:
“Quando Dragon Ball Super foi lançado, já havia uma versão famosa da abertura na internet, mas o estúdio tem um compromisso com o cliente. E quem tá lá no Japão, que se comunica com o escritório em Los Angeles, que é quem cuida da dublagem aqui no Brasil, não sabe e nem quer saber se já existe uma música que os fãs já gostam. As vezes o que o cara quer, é a fidelidade da obra.”
Wendel cita ainda que, para adaptações de músicas, eles precisam traduzir, adaptar e passar essa adaptação para a língua original, para o cliente avaliar se está de acordo com o que eles querem. Esse processo é chamado de “back translation“.
Finalizando, ele completa, “não faz muita diferença o que já está por aí na internet. O que o cliente quer é fidelidade à sua obra“, e diz que os fãs de Chainsaw-Man “passaram do ponto”.
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