Quando se iniciaram as exibições teste de The Flash, as primeiras impressões eram unânimidade e tudo o que se ouvia por aí era de que este era um dos maiores filmes de super-heróis já feitos. Expectativas elevadas à parte, The Flash é um reflexo de tudo o que restou do trágico Universo DC, um emaranhado de acontecimentos desconexos, com uma história fraca e que utiliza humor e saudosismo como muletas.
É importante ressaltar que esse não é um filme ruim, mas sim decepcionante. Sua narrativa rasa não se preocupa tanto com os detalhes e vai seguindo em frente independente das dúvidas e anseios do público; sua trama furada tenta entregar grandes acontecimentos, mas eles simplesmente não funcionam, como se faltasse conteúdo para preencher o espaço entre um evento e outro, de forma que, ao fim do filme, tudo o que resta é a percepção de que algo aconteceu, mas nada importou. Uma sensação de que boas ideias foram desperdiçadas.
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A obra tenta a todo custo se bastar, tanto que não oferece nenhuma percepção de continuidade, mas para isso ela sacrifica várias oportunidades interessantes, como por exemplo o ponto primordial da história, quem matou a mãe do Barry? Os fãs mais assíduos tem esse conhecimento de outras mídias, principalmente pela HQ na qual a obra se baseia, mas em nenhum momento isso foi explicado ou sequer cogitado no cinema. O roteiro passa por cima dessa problemática como se ela não tivesse nenhum significado, quando, ao mesmo tempo, o próprio filme usa o arco do pai do Barry sendo preso injustamente. Coerência? Para quê?
Como o filme é baseado em uma das histórias mais icônicas da DC, chega a ser triste dizer que o clímax de The Flash inexiste. Comparado com o quadrinho Flashpoint (Ponto de Ignição), o longa do velocista escarlate parece uma cópia malfeita, que tem sim algumas similaridades, mas não alcança nem metade da qualidade da obra original.
Finalizando a lista de más impressões, é importante falar sobre os efeitos especiais do filme. Em vários momentos, o CGI aparece inacabado, com personagens plastificados e dimensões distorcidadas. Isso não chega a ser um grande problema, já que não nos desconecta, mas incomoda.
Assista ao trailer de The Flash:
Indo aos elogios, para o bem ou para o mal, Ezra Miller é a melhor coisa do filme. O ator se entregou verdadeiramente ao papel e oferece um show a cada novo momento. Os trejeitos de sua versão do Barry Allen são precisamente introspectivos — diferentemente da versão de Grant Gustin, o Flash da série, que se torna bem mais descolado ao seu lado.
O humor do filme também é muito bom, embora nem todas as piadas funcionem. Entretanto, grande parte disso também só foi possível graças a versatilidade da atuação de Ezra Miller, que, ao interpretar duas versões do mesmo personagem, consegue proporcionar drama e humor na medida certa.
Por fim, o filme finaliza como mais um no meio do caminho do renascimento da DC nos cinemas. Não que ele vá repetir o destino de seu antecessor, Shazam! 2, mas como um reboot já foi anunciado, e como nada aqui sugere ou deixa brechas para uma sequência, The Flash é mais um na prateleira de filmes “ok”, quando poderia ter sido memorável.