O documentário Super/Man: A História de Christopher Reeve oferece uma narrativa emocionante e reveladora sobre a vida do ator que se tornou sinônimo do icônico Superman. Mais do que simplesmente celebrar Reeve como o “maior Superman de todos os tempos”, a obra busca desmistificar essa figura, removendo-o do pedestal de idolatria em que foi colocado ao longo dos anos. Ao invés de apenas enaltecer seu papel no cinema, o filme explora suas falhas e complexidades, revelando o homem por trás da capa, tanto em sua ascensão ao estrelato quanto em sua queda.
A partir do momento em que Reeve assumiu o papel de Superman no filme de 1978, ele não só estabeleceu um novo padrão para o personagem, como também influenciou diretamente a representação do herói nas décadas seguintes. Sua habilidade de separar o herói divino de Krypton do humilde Clark Kent foi notável, e seu comprometimento com o papel ajudou a elevar o personagem no imaginário coletivo. Contudo, o documentário não foca apenas no glamour desse sucesso inicial. Ele segue uma linha descendente, evidenciando como as sequências do filme, especialmente a partir do terceiro, perderam qualidade e impactaram negativamente a carreira de Reeve.
Esse declínio não foi apenas profissional. O documentário aborda a dificuldade de Reeve em se desvencilhar do papel de Superman, uma luta que muitos atores enfrentam quando são eternamente associados a um único personagem. Assim como Daniel Radcliffe com Harry Potter, Reeve nunca conseguiu se libertar totalmente da sombra de Superman, e nenhum outro papel que assumiu obteve o mesmo sucesso. Essa prisão artística é um dos temas centrais explorados, mostrando como Reeve, apesar de seus esforços, foi sempre visto como o super-herói e nunca como um ator versátil.
Além de sua carreira, o documentário também mergulha em sua vida pessoal, explorando suas relações e revelando aspectos pouco discutidos de sua personalidade. Reeve, apesar de ser admirado por seu trabalho humanitário após o acidente que o deixou tetraplégico, não era o pai ou parceiro ideal. O filme revela que ele foi ausente durante grande parte da vida de seus filhos, e seu primeiro casamento terminou de maneira conturbada. Mesmo assim, o documentário não busca demonizá-lo, mas sim apresentar um retrato honesto, humano e falível de Reeve, retirando-o da posição de “super-homem” e devolvendo-lhe a condição de homem comum.
Um dos pontos altos do documentário é sua estética visual, que utiliza metáforas poderosas para narrar a trajetória de Reeve. A imagem de uma estátua de um homem sendo esculpida e gradualmente rachando é uma representação simbólica eficaz da fragilidade do ser humano e da destruição da perfeição que muitos associavam ao ator. As rachaduras revelam a “kriptonita” de Reeve, uma referência visual que conecta seu destino ao do personagem que o consagrou, reforçando a ideia de que, mesmo o maior dos heróis, é vulnerável.
O filme é tocante não apenas por abordar a carreira e a vida pessoal de Reeve, mas também por suas reflexões sobre questões mais amplas, como deficiência, amor e empatia. Ao mostrar o trabalho de Reeve em prol de pessoas com deficiência, o documentário revela um homem que, apesar de sua situação, nunca se via como parte dessa comunidade. Ele acreditava que voltaria a andar, uma mentalidade que, ao mesmo tempo que o motivava, o distanciava emocionalmente daqueles que viviam com a deficiência há muito mais tempo.
O título “Super/Man” também é uma escolha inteligente, encapsulando a dualidade de Reeve. Ele foi, de fato, uma superestrela, mas, no fim das contas, era um homem com todas as suas imperfeições e contradições. O documentário consegue equilibrar essa narrativa, mostrando tanto suas conquistas quanto suas falhas, sem perder de vista sua humanidade.
Em suma, Super/Man: A História de Christopher Reeve é um documentário poderoso que provoca emoções intensas e convida à reflexão. Ele desmantela o mito do super-herói infalível e apresenta Christopher Reeve como um homem comum, com virtudes e defeitos. A obra oferece uma visão profunda e sensível de sua vida, fazendo-nos repensar a idealização de nossos ídolos. Ao final, somos deixados com a mensagem de que, independentemente da magnitude do personagem que interpretamos, somos todos, essencialmente, humanos.
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