Crítica | Som da Liberdade se arrisca e choca ao tratar de temática sensível

Som da Liberdade resenha crítica

Um drama que é ousado e surge com o principio de extrapolar as telonas, transmitindo uma mensagem de grande relevância ao “mundo real”. Tráfico sexual de crianças e pedofilia são os tópicos centrais de Som da Liberdade (Sound of Freedom, do original). Produção que busca não apenas contar a história de um herói americano salvando jovens desta realidade, mas também alertar que a circunstância perdura até os dias de hoje e a sociedade precisa seguir combatendo continuamente.

O enredo, baseado em uma história real, nos coloca na perspectiva de Tim Ballard – interpretado por Jim Caviezel, um militar norte-americano especialista em crimes de tráfico de crianças. Tim se solidariza com um caso peculiar e decide ultrapassar os limites, viajando até a selva colombiana para libertar uma vítima de um bando local de criminosos.

Assista ao trailer de Som da Liberdade:

Um detalhe curioso é a presença de Caviezel, ator conhecido por dar a vida a Jesus Cristo na Paixão de Cristo de Mel Gibson, fator que certamente foi decisivo na escolha do casting. Som da Liberdade traz em diversos momentos paralelos filosóficos e religiosos, que geralmente estão diretamente relacionados aos princípios cristãos. “Porque as crianças de Deus não estão para venda” é uma das frases-chave do filme, servindo de reflexão e motivação para que os personagens selassem seu comprometimento com a causa.

E por falar em personagens, o longa faz um bom trabalho de construção, conseguindo estabelecer de modo objetivo as motivações de cada lado. Seja a empatia ou a falta dela, histórico cultural, valores religiosos, reparação de danos ou ganância; cada figura está devidamente posicionada em uma esfera que esclarece as razões intrínsecas aos seus comportamentos.

Outro destaque vai para Bill Camp que, representando o Vampiro, faz um excelente coadjuvante com características completamente diferentes do protagonista, de forma que o completa e permite o roteiro dar mais ênfase as suas qualidades. Já o elenco infantil tem a presença de Cristal Aparicio (Rocío), jovem atriz que acerta no timing dramático, trazendo emoção e intensificando a repulsa e desconforto que as cenas envolvendo o núcleo juvenil provocam no público.

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Tecnicamente não existe grandes lapsos de inovação e ousadia na direção de Alejandro Gómez Monteverde, mas também não há nada que comprometa. E para ser franco, isso deve ser algo inerente ao projeto. Desde o início, percebe-se a nítida intenção de foco na mensagem e muitas vezes é preciso realizar uma produção mais clean para que a informação passada chegue da maneira mais transparece e objetiva possível.

Desde a sinestesia do título, divulgação e resultado final visto no cinema, Som da Liberdade foge do padrão das produções e se agarra a um propósito muito mais nobre. Em determinados instantes, você pode até ter a sensação de afastamento da realidade e pieguismo; mas é inegável que o projeto tem coração e ressalta o valor do engajamento social com um assunto tão sombrio, mas que talvez não disponha da quantidade de discussões suficientes ao nível da sua importância.  

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