Crítica | Não Se Preocupe, Querida entrega grandes atuações, mas é cansativo e desaponta com sua falta de propósito

Não Se Preocupe, Querida

Dirigido por Olivia Wilde e estrelado por Florence Pugh e Harry Styles, Não Se Preocupe, Querida é um prato cheio para os amantes (fofoqueiros) de uma boa história de bastidores marcado por intrigas, mas, polêmicas a parte, é um filme notável por suas grandes performances, contemplação à beleza de seu elenco e visual super atrativo, no entanto, desperdiça suas chances de entregar mais profundidade.

Don’t Worry Darling (título original) é uma contemplação ao perfeito utópico, e demonstra isso em todos seus takes, seja com os carros saindo juntos de suas garagens, a centralização dos objetos em cena ou no amor incondicional que o casal principal sente um pelo outro. Visualmente é tudo muito bem feito, mas com a repetição, a monotonia que o próprio filme nos instiga a questionar, aquilo acaba ficando cansativo demais, pois falta uma metáfora central para servir de base à narrativa, uma crítica a ser feita com todos os pontos na mesa.

Ao mesmo tempo que se propõe em ser atrativa à primeira vista, a trama se desequilibra a medida em que vai caminhando, e não só metaforicamente. Com momentos para lá de claustrofóbicos, o filme incomoda sempre que pode, colocando um dedo na ferida para indicar que não está tudo bem. Aqui, eles até flertam com o questionamento à sociedade moderna, com o machismo estrutural, fuga da realidade e a busca pelo “american way of life“, mas nada disso recebe a profundidade que deveria.

Florence Pugh e Harry Styles entregam atuações impressionantes e expressivas, e isso é a melhor coisa do filme! Com bastante química, os dois passam um charme cheio de erotismo e paixão, que caiu perfeitamente para o papel de “casal perfeito” que os dois vivem inicialmente. Indo mais além, Florence entrega uma performance carregada de drama e melancolia quando necessário, fazendo com que cada momento seja impactante para o espectador.

Como uma obra completa, Não Se Preocupe, Querida é um bom filme, com grandes atuações. Sua história inicia bem, desleixa no desenvolvimento e tem um 3º ato sufocante, já que é onde as coisas realmente acontecem. Sua ótima sonoplastia também merece elogios, já que sabe utilizar muito bem os sons e o silêncio para dar clima aos momentos. Por fim, seu maior problema talvez seja a falta de propósito, como uma beleza superficial e vazia.

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