Um remake que não é remake, a nova produção da Disney pode surpreender quem assistiu ao filme original de 2004, mas não vai tão longe disso. O novo Mansão Mal-Assombrada é na verdade um reboot que chega para promover a atração homônima do parque e faturar um bocadinho a mais no cinema. Se você estiver em um passeio despretensioso no shopping e surgir aquela vontade de ver um filme pipoca, sem comprometimento, aqui temos uma boa pedida.
Assista ao trailer do filme Mansão Mal-Assombrada:
Com um roteiro pouco inspirado, o longa ainda consegue ter seus bons momentos e captar nossa atenção, por mais que seja propositalmente superficial e não tente ir a fundo em nenhum dos seus fios narrativos. Esse freio, como em parte das produções da Disney, é possivelmente fruto da intenção dos produtores de “democratizar” o filme quanto a faixa etária do público. Isso promove suavidade em uma boa aventura para toda a família, em contrapartida, é realizado por meio de diálogos expositivos, soluções facilitadas e falta de complexidade.
No final das contas, por mais que pareça contraditório, considero este como mais um acerto do estúdio. Nunca foi prometido um filme ousado ou sequer memorável, é apenas mais uma boa execução que vai agradar a quem deve. O que chama atenção é a forma como a Disney consegue, até mesmo em suas “produções B”, reunir um elenco ilustre que traz mais sustentação ao filme.
Apesar de não contar mais com Eddie Murphy, chamariz da obra original, o cast foi muito eficiente. Os profissionais escolhidos são aptos, inclusive, para disfarçar a fragilidade do roteiro em alguns momentos. LaKeith Stanfield carrega bem a responsabilidade do protagonismo e transmite frustração e melancolia mesmo sem dizer uma palavra.
Rosario Dawson joga seguro ao interpretar a mãe protetora; Owen Wilson é um alívio cômico que funciona muito bem, mesmo levando em consideração o humor pueril. Jared Leto está irreconhecível debaixo de tanto CGI, mas ainda entrega a eloquência característica dos seus papéis mais insanos. Para finalizar a seleção estrelada, ainda temos a participação de Jamie Lee Curtis e Danny DeVito.
Sobre tom e estética, há uma construção razoável; uma aventura somada a elementos de terror é algo que sempre se fez presente na cultura cinematográfica e já entregou bons resultados nas telonas. A fotografia mais dark cria a sensação de perigo, contudo, a trilha e o design das criaturas não nos deixam em nenhum momento confundir o teor do longa.
O maior problema é o tiro no pé de se lançar às salas de cinema em pleno movimento Barbenheimer, de fato é uma competição fora de cogitação para Mansão Mal-Assombrada. Dito isso, os comentários sobre essa produção podem acabar ficando em segundo plano e talvez um possível flop não seja culpa do que foi entregue, mas sim de uma concorrência desleal entre filmes muito mais ambiciosos.
Vivemos em um momento de amplo consumo de entretenimento e, neste cenário, até mesmo os grandes estúdios precisam se reafirmar no mercado e de vez em quando lançar uma produção quase que protocolar, como essa. Não recebemos uma tragédia, tampouco uma obra-prima. Nada se encaixa melhor para Mansão Mal-Assombrada como a celebre frase: este é um dos filmes já lançados.