Crítica | Luck diverte e entretém, mas desperdiça seu enorme potencial

Luck é a nova animação do streaming Apple TV+, criada por John Lasseter, diretor de Toy Story e um dos criadores e responsáveis pela ascensão da Pixar. O filme conta uma história otimista de sorte e azar, mostrando como a vida é uma grande série de aleatoriedades, mas que o modo de encarar as situações importam muito mais do que acasos do destino.

Assista ao trailer de Luck:

John Lasseter abandonou o seu cargo como diretor criativo da Pixar e da Walt Disney Studios Animation em 2017, alegando que precisava enfrentar alguns erros de seu passado. Algum tempo depois, o animador foi acusado de assédio por diversos colaboradores das empresas. Em 2019, Lasseter foi contratado pela Skydance Animation como chefe de animação, o que veio a gerar mais algumas polêmicas que com certeza influenciaram no filme Luck, produzido pelo estúdio. Como é o caso do abandono de elenco por parte da estrela Emma Thompson, que se recusou a trabalhar com o cineasta.

Indo ao filme… Luck é divertido, tem uma mensagem interessante e tinha tudo para formular um enredo carismático e cheio de emoção, mas não foi exatamente o que aconteceu. Ao tentar reproduzir a formula Pixar de contar histórias, a animação se perdeu em suas quase — e desnecessárias — duas horas de duração, fazendo com que seus momentos chave perdessem o impacto que deveriam ter.

Na oportunidade de contar uma história profunda e cheia de camadas tal qual Divertida Mente (2015) e Soul (2020), explorando aspectos da vida humana de maneira simples e pura, Luck não acerta o tom e tenta compensar com momentos fofos e engraçadinhos, sendo esse seu principal trunfo. O seu universo particular é bastante rico. Apostar nas superstições para formular sua mitologia é algo curioso e poderia render contos superinteressantes, principalmente utilizando os artifícios que apresentou como trama secundária, entretanto, o que vemos é a história tropeçando em seus próprios arcos, com cenas que até divertem, mas não entregam nenhuma êxtase.

Ser comparada com a Pixar pode até parecer uma disputa injusta, mas não deveria. John Lasseter, polêmicas à parte, é um dos gênios responsáveis pela ultra popularização não só das animações 3D, mas das animações com alma, carisma e coração. Ao mesmo tempo em que temos Luck falhando em simular a explosão de sentimentos de um longa da Pixar, também tivemos A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas entregando uma obra super criativa, dinâmica e emocionante.

Pode até ser fruto da expectativa do retorno de Lasseter em outro estúdio, mas o fato é que Luck não entregou nem metade do que poderia. Com um elenco com nomes de peso como Eva Noblezada (Sam, a protagonista), Simon Pegg (Bob), Whoopi Goldberg e Jane Fonda, o filme termina com uma ótima ideia e grande equipe, mas falha em contar sua história.

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