Crítica | Jogos Mortais X e o retorno grandioso de John Kramer

Jogos Mortais X resenha crítica análise SAW X

James Wan trouxe ao mundo em 2004 o que se tornaria uma das franquias mais clássicas do horror no século. Apesar disso, é bem verdade que o tempo não foi generoso a Jogos Mortais, com inúmeras sequências de qualidade duvidosa. É nesse contexto que há dois anos tivemos o Espiral: O Legado de Jogos Mortais, estrelado por Chris Rock e que instantaneamente já foi considerado uma bomba. Não é de se admirar que o mais novo capítulo da saga, Jogos Mortais X, iria chegar diante de bastante desconfiança.  

Mas afinal, qual rumo tomou este décimo filme? Agora está visível que a produção finalmente reconhece e tenta trabalhar em cima dos erros anteriores (como matar o grande rosto da franquia), entregando um projeto mais marcante e autoral. No alto dos 81 anos, a volta de Tobin Bell como Jigsaw é notável e traz uma presença de peso às cenas, é natural que tenhamos uma conexão maior com um personagem tão recorrente e significativo.  

É aqui também onde recebemos pela primeira vez um trabalho mais visível sob um tom diferente, com um primeiro ato fortemente atrelado ao drama, o que certamente desenvolve as camadas do longa e o faz parecer menos superficial. Além disso, outras questões sociais relevantes são retratadas: abuso de drogas, esgotamento mental decorrente de uma doença física ou até mesmo a forma como a ambição move alguém a agir das formas mais inimagináveis.

Jogos Mortais X Tobin Bell como Jigsaw
Imagem/Divulgação

Shawnee Smith também faz o seu regresso como Amanda Young, retomando mais uma personagem que temos certo apreço por conhecer sua trajetória. É interessante ver como o enredo trabalha sua figura em diferentes nuances, seja como caçadora ou expurgadora. Uma das principais funções narrativas de Amanda é expor a humanidade da dupla protagonista, seja em trechos de identificação com algum participante dos jogos ou mesmo seus diálogos e interações com Kramer.

Os problemas mais graves da trama só vão a dar as caras no último ato, no qual o roteiro perde a mão no esboço de ambiguidade que é construído ao longo de todo o filme. Nós já sabemos que John não é bom moço, mas é narrativamente benéfico expor suas motivações e crenças, o que não funciona é querer pintar nosso querido Jigsaw como vítima. E é para isso que precisamos de um antagonista para o nosso vilão, papel este cedido a norueguesa Synnøve Macody, que interpreta a Dr. Cecília de maneira extremamente caricata.

Nesta altura já está claro que precisamos ligar a suspensão da descrença para aproveitar o filme e todas as reviravoltas (características da franquia), mas toda a sequência final é de desafiar até mesmo o cérebro mais desligado da sessão. Por mais que tenha seus erros, o décimo filme de Jogos Mortais é um produto que surpreendentemente me agradou. É prazeroso ver a audácia de, depois de tantos filmes, abraçar um viés diferente e trazer uma maior carga dramática. A revisitação e referências ao passado estão na medida, seja comentando sobre algum personagem ou mesmo referencialmente visualmente o estilo frenético de direção.

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Uma história coerente (na medida do possível), armadilhas criativas, brutais e com o gore sempre presente. Até por falta de competição em um nível razoável, Jogos Mortais X é um dos mais conscientes da sequência e traz uma experiência divertida para os fãs do gênero. Lembre-se de ficar até o final para ver a cena pós-créditos!

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