Nos últimos anos, adaptações baseadas em jogos tem ganhado cada vez mais atenção, principalmente por conta do declínio qualitativo dos filmes de super-heróis e pela sede hollywoodiana de apelar para uma marca já popular. Sonic, Mario e The Last Of Us são ótimos exemplos de adaptações bem sucedidas, que, cada um a sua maneira, conseguiram não só encantar os fãs de longa data, como também conquistar novos. Nesse sentido, Gran Turismo: De Jogador a Corredor se diferencia dos demais por conta de seu apelo esportivo, se distanciando dos videogames e proporcionando uma experiência eufórica e emocionante.
Baseado numa história real, a obra é um clássico filme de esporte, onde acompanhamos um jovem desacreditado, mas que é um dos melhores jogadores de Gran Turismo do mundo e sonha em atingir o apogeu, se tornando um piloto profissional. Com direito à boas músicas, um treinador durão com passado trágico, cenas de treinamento físico e momentos catárticos, este longa gabarita o checklist de filmes do gênero, mas faz isso tão bem feito, que impressiona e garante totalmente a atenção de seu público.
Indo além de suas características narrativas, as competências técnicas de Gran Turismo também merecem algum destaque, em especial sua montagem e mixagem de som, que garantem imersão à narrativa. A fim de assegurar o dinamismo do filme, todas as cenas são coesas e muito bem encaixadas, utilizando também da movimentação da câmera para trazer ainda mais simpatia para sua trama, isto é, fazer com que o público fique cada vez mais interessado. Somado a isso, o som é muito bem utilizado, principalmente nos poucos momentos de silêncio absoluto quase claustrofóbicos, que nos levam à ponta da poltrona.
Assista ao trailer de Gran Turismo: De Jogador a Corredor:
E apesar de o filme mecerecer mais elogios do que ressalvas, ainda assim algumas coisas deixaram a desejar. A sua direção optou por cortar alguns momentos de seu desenvolvimento que poderiam ter feito a diferença em várias ocasiões. A sua ausência é percebida, deixando o público com aquele sentimento de que algo está faltando. Isso não chega a estragar a experiência, longe disso, mas causa estranhamento.
Além disso, há certos elementos mal aproveitados e que parecem só estar ali porque não daria parar cortá-los. Em determinado momento, uma pessoa acaba morrendo no filme, e isso aconteceu de verdade no mundo real, porém, como aquela é uma história positiva, o momento é tratado brevemente e serviu apenas de motivação para o protagonista, como a dificuldade que ele deveria superar. Bizarro, mas essa foi a escolha da direção para não baixar o clima do filme.
E mantendo o alto astral, o que recebemos é uma aventura cheia de entusiasmo, com muita empolgação e mensagens inspiradoras. Por ter sido vendido como um “filme de jogo”, a obra tenta emular a sensação de estarmos na pele do piloto e faz isso de forma bastante inteligente, usando da gamificação como elemento narrativo.
Gran Turismo se garante sendo exatamente o que é, fazendo o simples e sem arriscar. Ao final, levantamos da poltrona com a sensação de que realmente vivenciamos tudo aquilo, comemorando uma vitória fictícia como se assistíssemos a uma corrida real. E nesse sentido, vale muito a pena experienciar Gran Turismo nos cinemas.
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