Análise | The Flash diverte, mas não é capaz de sair das sombras do passado caótico do DCEU

The Flash (2023)

The Flash chega aos cinemas depois de uma sucessão de acontecimentos conturbados do Universo Estendido da DC (DCEU). Refilmagens, reformulações na empresa e o ultimato do fim do universo de histórias que os fãs conhecem desde 2013. Assim, o novo longa-metragem da Warner Bros. já estreou fadado a um caminho de poucas possibilidades. Existe um clima tenso no ar quando o assunto é a DC e o filme parece tentar abafar isso com piadas e diversão – que acontecem, mas não são suficientes.

Há anos que o DCEU tenta mimetizar a fórmula da Marvel e falha. Parece que, ao longo dos últimos 10 anos, os produtores que encabeçaram esse projeto da DC não perceberam o verdadeiro potencial das HQs ou não beberam da fonte de suas adaptações animadas para o cinema – que são espetaculares em sua grande maioria. Nessa onda de crises e críticas internas e externas, o Universo Estendido foi desmoronando até chegar neste momento de reboot, que está sendo comandado por James Gunn (Guardiões da Galáxia 3, de 2023) e Peter Safran (Invocação do Mal, de 2013), sempre sob os cuidados de David Zaslav, o CEO da Warner. E The Flash é um dos passos finais antes desse recomeço.

O longa, que estreia nesta quinta-feira (15), é um filme divertido, tem suas qualidades, mas não consegue ir além disso. As sombras do passado caótico do DCEU atrapalham o desenvolvimento da narrativa. O que deveria ser um filme extraordinário, com um roteiro preciso e um resultado tão potente a ponto de se tornar uma dos melhores produções de super herói dos últimos tempos acaba sendo apenas mais um filme da DC – e hoje em dia isso não soa como um elogio. Com todo o potencial de Ponto de Ignição (quadrinho que inspirou o roteiro do filme) jogado fora por forças externas à produção, The Flash não marcará o fim do antigo DCEU como algo memorável. Se for lembrado, no máximo será por sua nostalgia.

The Flash (2023)
Cena de “The Flash” (2023)

O peso de carregar um passado nada distante de crises, bilheterias baixas e brigas criativas internas queimam a largada do que deveria ser a narrativa épica do herói. Ponto de Ignição é uma das hqs mais fascinantes que existem na DC. Talvez uma das melhores histórias para amarrar as ideias de viagem no tempo e multiversos de uma só vez. No entanto, ainda que tenha tido uma história de inspiração brilhante, o roteiro de The Flash inevitavelmente sofre com os desmandos anteriores do DCEU e chega ao público sem fôlego nesse derradeiro encerramento desse universo criativo.

Dirigido por Andy Muschietti (It – A Coisa, de 2017, e It – Capítulo Dois, de 2019), o projeto tem uma perspectiva interessante de um diretor que vem de outro gênero. Muschietti sabe construir atmosferas e espaços de forma criativa e não tão convencional, o que é um ganho para o filme do velocista. O roteiro, assinado por Christina Hodson (Bumblebee, de 2018, e Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa, de 2020), tenta aproveitar ao máximo as possibilidades do multiverso da DC – tanto do Universo Estendido quanto ao que veio antes dele. Apesar disso, a narrativa de The Flash se perde numa nostalgia forçada de algo que, para tristeza dos fãs, nunca se concretizou de verdade.

The Flash diverte, tem piadas bem colocadas, usa a presença de Michael Keaton como Batman de uma forma interessante e brinca com o passado das adaptações em live-action da DC de uma forma bacana, mas é isso. É uma pena que uma história com tanto potencial seja relegada aos desmandos de administrações incompetentes que vieram antes. É duro ver como o longa do velocista é mais uma manobra desesperada da DC na tentativa de não perder espectadores e dinheiro. O DCEU perdeu uma oportunidade grandiosa de emplacar um sucesso de bilheteria e crítica trazendo a adaptação de Ponto de Ignição nesse momento. No fim, o filme acaba como uma festa que virou o enterro do antigo Universo Estendido.


Assista ao trailer!

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