Crítica | A Morte do Demônio: A Ascensão honra o legado da franquia com o retorno sanguinário e chocante dos Deadites

A Morte do Demônio - A Ascensão (2023)

2023 está sendo o ano das franquias de horror. Novos capítulos de Pânico (1996-), A Morte do Demônio (1981-), Sobrenatural (2013-) e O Exorcista (1973-) são alguns dos exemplos mais aguardados deste ano. O gênero, como se pode perceber, tem investido fortemente na ideia de dar continuidade a suas histórias de sucesso. Seja através de requels ou continuações da narrativa, o horror não quer deixar morrer suas criações até que se aproveite cada gota de sangue delas. E, para a alegria dos fãs e lucro dos estúdios, a investida tem dado certo.

A mais recente estreia do gênero foi A Morte do Demônio: A Ascensão, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (20). O longa-metragem traz uma antecipação de meses gerada pelos brutais trailers e teasers. Com um roteiro e uma direção firmes, um elenco talentoso e inúmeras cenas recheadas de gore arrepiante, o longa é um feliz presente aos fãs da franquia.

Pensar em Evil Dead é se lembrar de toda a trajetória feita por Sam Raimi (Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, de 2022) nas últimas décadas. Desde a primeira aparição dos Deadites, passando por um remake, uma série e este novo capítulo, muita coisa mudou na forma de fazer cinema e no público que consome ou passou a consumir essa franquia. Isso, no entanto, não foi um problema para A Morte do Demônio: A Ascensão que soube equalizar cada um dos fatores com uma expertise e precisão sem igual.

 A Morte do Demônio: A Ascensão é um espetáculo sangrento. Essa constante presença da brutalidade dos ataques e mortes é notável desde os trailers e se mostra maior do que em qualquer outra produção da franquia. Vale ressaltar que boa parte das cenas mais violentas são entregues – mesmo que de relance e sem a intensidade da sessão – nos teasers. Então se resta alguma dúvida sobre aguentar o teor do longa ou não, assistir às cenas divulgadas é uma opção.

No quesito momentos agonizantes, esta produção é disparadamente mais forte. Até mesmo o remake de 2013 fica para trás com os ataques brutais dos Deadites neste novo capítulo de Evil Dead. No entanto, A Morte do Demônio: A Ascensão não é uma espécie de torture porn demoníaca. Cada cena dilaceradora tem um propósito narrativo que vai além do choque ou da criação de repulsa. Aqui o gore é costurado na trama como forte alicerce de seu roteiro.

A Morte do Demônio - A Ascensão (2023)
Cena de A Morte do Demônio – A Ascensão (2023)

Sob essa nova direção, a franquia, criada por Sam Raimi nos anos 1980, ganha um gás para se mostrar necessária numa nova década. A dinâmica criada por Lee Cronin (O Bosque Maldito, de 2019) entre sua direção e seu roteiro é precisa e asfixiante. A Morte do Demônio: A Ascensão é guiado por uma sucessão de acontecimentos caóticos que só se intensificam com o passar da narrativa. E é com essa sucessão de gritos, sangue e mortes que a história completa seu ciclo com o final da sessão, ainda que exista espaço para dar continuidade a franquia.

A mágica do horror só é possível, no entanto, graças a dobradinha do roteiro com o elenco. Numa versão mais sóbria e sombria de Evil Dead – deixando um pouco de lado a comicidade marcante de Raimi -, A Morte do Demônio: A Ascensão cria uma atmosfera mais familiar para os personagens e público. É diante das desventuras brutais dessa família em apuros que o roteiro de Cronin prende o espectador numa jornada assustadoramente sangrenta.

A simplicidade dos laços entre os personagens centrais não se perde em meio ao show de gore. Na verdade, a sutileza dos diálogos e de sua força é o que dá espaço para um drama familiar interessante. E, ainda que não se aprofunde tanto, consegue ir além da superfície e faz com que o espectador sofra com cada uma das perdas ao longo de A Morte do Demônio: A Ascensão.

E como a violência gráfica é uma forte característica do longa, é inevitável pensar na evolução dos efeitos visuais utilizados na franquia. A produção claramente quis utilizar o máximo de apetrechos práticos para honrar a memória do original, sem perder de vista as possibilidades da atualidade. E a forma como A Morte do Demônio: A Ascensão é capaz de mesclar o moderno com as referências clássicas do gênero, criando cenas como a do sangue no elevador que leva o espectador a clássica sequência de O Iluminado (1980).

A pergunta que fica ao final da sessão é sobre os caminhos sangrentos que o futuro de Evil Dead guarda aos espectadores. Afinal, hoje em dia é impossível pensar num filme de uma franquia – em especial no horror – sem que a possibilidade de continuações passe pela cabeça. Ainda que a história de A Morte do Demônio: A Ascensão se baste, existe uma trilha de sangue que poderia dar seguimento ao próximo capítulo da franquia.

Assista ao trailer do filme:


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