Quando as pessoas vão ao cinema sempre há aquele misto de suposições, expectativas e desejos sobre o que as espera na telona. Alguns procuram loucamente curiosidades sobre o enredo, outros assistem todos os teasers/trailers existentes e ainda tem aqueles que se aventuram e vão para uma sessão sem nem saber ao certo o nome do filme. Hoje em dia, sou daqueles que tenta saber o mínimo possível sobre o enredo do longa-metragem e é o que indico se você for assistir A Morte Te Dá Parabéns na sua casa.
O terror slasher satírico da Blumhouse estreou em outubro de 2017 e trouxe um rebuliço no mercado do horror. O projeto se desenvolve no aniversário da personagem Tree Gelbman (interpretada por Jessica Rothe) onde ela será assassinada por uma pessoa mascarada. O desenrolar de A Morte Te Dá Parabéns acontece quando Tree passa a reviver o dia da sua morte repetidas vezes até perceber que a única forma de acabar com esse loop temporal e se manter viva é descobrir a identidade de seu assassino.
Assista (por sua conta e risco) ao trailer de A Morte Te Dá Parabéns
Utilizando referências a outras obras do subgênero – como as franquias Pânico (1996-) e Halloween (1978-2022) – e somando isso à ideia principal da comédia Feitiço do Tempo (1993), estrelada pelo brilhante Bill Murray, o enredo de A Morte Te Dá Parabéns pode parecer confuso num primeiro momento, mas amadurece bem como um vinho. É claro que o projeto tem questões de tom e excessos narrativos – como vários outros filmes do diretor Christopher Landon (Drop – Ameaça Anônima, de 2025) viriam a ter. Ainda assim, o longa encerra de uma forma curiosamente interessante e numa nota positiva para o espectador.
Em minha primeira experiência com o filme, pensava que ele se perdia e finalizava com diversas pontas soltas. Hoje, entendo que existem deliberadamente questões deixadas para depois, que serviram de enredo para a sofrível continuação de A Morte Te Dá Parabéns. O roteiro tem uma construção interessante e curiosa para a época – que hoje já foi readaptada algumas vezes por outros projetos slashers – com plots twists comicamente inesperados.
Ser um terror satírico é, sem dúvidas, o maior acerto do projeto. Mesmo que o roteiro de Scott Lobdell (Criaturas ao Ataque!, de 2019) tenha excessos e acabe tendo um tom mais ‘infantilizado’ para abarcar um público maior, a comicidade é a força motriz que, na época, fez o filme ser um sucesso. Num filme de terror satírico comum, a comédia viria para contrapor e amenizar as mortes e a tensão causadas pelo clima de horror. No caso de A Morte Te Dá Parabéns, no entanto, o cômico passa a ser o alicerce principal que guia a história e, por consequência, o espectador.

Assim como Todo Mundo em Pânico (2000-) que soube dosar – mesmo que apenas nos primeiros filmes – os artifícios da comédia ao seu favor, o novo filme da Blumhouse usa do enredo macabro para servir a uma comédia escrachada. Dessa forma, A Morte Te Dá Parabéns consegue, por meios tortuosos, cativar um público diversificado por ser uma curva dentro da normalidade. Sua inesperada “falha” acabou tornando-se seu maior aliado para que um filme sem muito prestígio anterior à sua estreia pudesse arrecadar mais que 26 vezes o valor de seu orçamento.
O timing cômico e a direção instigante de Landon catapultaram A Morte Te Dá Parabéns para um lugar de destaque como uma espécie de reverberação do legado da franquia do Ghostface. Depois dele, outros tantos outros terrores cômicos chegaram às telonas e telinhas dos streamings com confiança de um público cativo. O crossover entre Pânico e Feitiço do Tempo está disponível para os assinantes da Amazon Prime Video. O longa gerou inúmeras discussões desde seu lançamento há quase 8 anos, mas está marcado como um filme que merece atenção dos fãs de horror. Ironicamente (ou não), A Morte Te Dá Parabéns entra para a história do gênero que ele ajudou a desconstruir, como uma prova de que sempre há um novo jeito de se fazer filmes – mesmo que de formas bem diferentes.
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