Wicked: Parte 2 não alcança o brilho do primeiro filme, mas entrega uma conclusão emocionante e digna para uma das histórias mais bonitas do cinema recente. E, honestamente, isso já é muito! O universo fantástico continua deslumbrante, tratado com tanto cuidado estético que, mesmo com toda a paleta vibrante e os elementos mágicos, nada soa artificial. Oz permanece vivo, pulsante e completamente crível.
Cynthia Erivo retorna impecável como Elphaba. Há uma verdade muito forte em tudo o que ela comunica: o peso, a dor, a culpa, e, sobretudo, os raros momentos em que se permite sorrir. Seu olhar carrega um mundo inteiro. Ariana Grande, por sua vez, parece ter nascido para ser Glinda. Ela se diverte, incorpora pequenos trejeitos com naturalidade e entrega uma performance leve, quase lúdica, como se estivesse exatamente onde sempre quis estar. As duas funcionam muito bem juntas.
No entanto, Parte 2 se enrosca no próprio excesso. Ao tentar inserir tantas novas camadas na trama, a montagem perde equilíbrio. Há momentos claramente monótonos, que se estendem mais do que deveriam, seguidos de cenas atropeladas que mereciam mais tempo. A experiência oscila entre o acelerado e o arrastado, criando um ritmo irregular que compromete parte da fluidez narrativa.
E isso acontece porque Wicked: Parte 2 não tenta — e nem poderia tentar — se sustentar sozinho. Ele depende integralmente da existência do primeiro filme. Enquanto o capítulo inicial funciona como uma obra independente, com arco completo e clímax emocional muito bem resolvido, o segundo assume abertamente seu papel de “metade final”. É o encerramento da tragédia, o terceiro ato guardado como ápice… mas cuja verdadeira catarse, ironicamente, está no filme anterior.
É impossível não comparar. Wicked: Parte 1 é encantador e arrebatador; já Wicked: For Good é obrigatório para quem quer ver o fim, mas não causa o mesmo impacto. Ainda emociona, e muito, mas, novamente, não atinge o mesmo poder do primeiro.
Há também a questão musical: aqui, as canções parecem blocadas, encaixadas de forma mais mecânica. No primeiro filme, elas surgiam organicamente, expandindo a narrativa sem interrompê-la. Em Wicked 2, sente-se a pausa, o “momento música”, o que gera certo estranhamento. E, como esta é a porção mais trágica da história, muitas faixas são mais amenas, mais emocionais, mas nem sempre alcançam o impacto esperado. As vezes, só tornam a experiência mais chata.
Ainda assim, Wicked: Parte 2 não é um fracasso, longe disso. Ele é um bom filme, às vezes até muito bom. Sua maior fragilidade é carregar o peso de um antecessor brilhante. No fundo, ele estava destinado a parecer menor. Mas, dentro do que se propõe, entrega um desfecho bonito, respeitoso e emocional para a jornada de Elphaba, Glinda e todos os personagens que nos conquistaram no primeiro capítulo.
É uma conclusão satisfatória para uma história que merecia ser contada até o fim. Mesmo aquém do original, ainda funciona; ainda emociona; ainda encanta, principalmente graças às performances extraordinárias de Cynthia Erivo e Ariana Grande.
No fim das contas, Wicked: Parte 2 cumpre seu papel de encerrar a tragédia, reafirma a força desse universo mágico e deixa claro que, apesar das falhas, a jornada valeu cada minuto.








