Quando o filme Karate Kid: Lendas foi anunciado, ele prometeu unir gerações em torno da consagrada franquia que teve seu auge nos anos 1980 e foi revitalizada nos últimos anos pela série Cobra Kai. Com a presença de Ralph Macchio, o eterno Daniel LaRusso, e Jackie Chan, que interpretou o senhor Han no reboot de 2010, o longa parecia reunir todos os elementos para entregar um capítulo épico da saga. Mas, infelizmente, o resultado final passa longe do seu verdadeiro potencial.
A proposta do filme é ambiciosa: unificar os diferentes universos da franquia e dar continuidade ao legado construído tanto pela trilogia original quanto pelo reboot. Embora Cobra Kai seja canônico nesse universo expandido, Karate Kid: Lendas não estabelece uma conexão direta com a série. Ainda assim, o longa se beneficia da memória afetiva construída ao longo dos anos.
Assista ao trailer dublado:
O ponto alto do filme está em sua primeira metade, que se dedica à jornada do novo protagonista, Li Fong, interpretado por Ben Wang. A introdução do personagem é bem estruturada e carrega os elementos clássicos da franquia: o jovem deslocado, a mudança de cidade/país, os conflitos com valentões, o romance adolescente e, claro, as artes marciais. A narrativa se desenrola com ritmo envolvente, estética renovada e um tom que lembra os melhores momentos dos filmes anteriores.
Apesar disso, essa construção promissora se perde a partir da segunda metade do filme, que é justamente quando entram em cena os dois mestres, Daniel LaRusso e Sr. Han. A partir desse ponto, o ritmo se torna frenético e confuso. As transições são apressadas, os arcos dramáticos se resolvem de maneira superficial e o impacto emocional da história se esvazia.
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A presença de um antagonista mal desenvolvido também compromete ainda mais o clímax. O vilão é jogado na história e serve apenas como um obstáculo funcional, sem qualquer construção interessante — ele é apenas malvado. A luta final, que na teoria deveria ser o ponto alto do filme, acaba sendo anticlimática e sem peso narrativo.
Além disso, o filme tem apenas uma hora e meia de duração, o que é injustificável, pois tinham arcos narrativos que mereciam mais profundidade. O conflito familiar do protagonista, por exemplo, é resolvido de forma abrupta, sem qualquer impacto real. O treinamento de Li Fong também é mal aproveitado, sem cenas memoráveis ou uma trilha sonora que eleve a emoção — ao contrário dos longas anteriores, que sabiam como usar a música para amplificar a jornada do herói.
Outro ponto fraco está nas cenas de luta. Apesar de o Kung Fu oferecer uma beleza natural às coreografias, a filmagem não valoriza isso. A montagem acelerada, o uso excessivo de câmera tremida e cortes rápidos prejudicam a compreensão das sequências e anulam a imersão do espectador. Falta o cuidado visual necessário para transformar cada confronto em algo marcante — o que Cobra Kai, por exemplo, executa com muito mais competência.
O filme é bom?
Ao final, Karate Kid: Lendas é um filme que tenta cumprir uma lista de obrigações da franquia (o jovem aprendiz, o dojo rival, o mestre sábio), mas não consegue dar profundidade a esses elementos. Ainda que não seja um filme ruim, ele decepciona porque poderia ser muito melhor. Falta emoção, falta tempo e, sobretudo, falta propósito além de apenas existir como mais um produto da marca.
Se comparado a revivals como Creed, que conseguiu honrar e expandir o universo de Rocky com maestria, Karate Kid: Lendas se torna esquecível. É um aceno sem impacto. Uma lenda que, infelizmente, não encontra seu lugar na história.
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