O universo de Minecraft finalmente teve um dos seus desdobramentos mais inevitáveis (devido ao seu sucesso estrondoso) e debuta no cinema com uma adaptação que prefere brincar com a leveza do jogo original do que arriscar algo mais ambicioso.
Voltado para o público infantil, o longa não tenta ser complexo, muito pelo contrário, investe em uma narrativa simplificada, personagens caricatos e humor físico para cativar uma audiência que não possua um critério tão alto. Ainda que visualmente competente, o filme carece de profundidade, tanto no roteiro quanto no desenvolvimento de seus personagens, proporcionando um combo de experiência despretensiosa e esquecível.
Na trama, acompanhamos a jornada de personagens genéricos e cartunescos Garett (Jason Momoa) e Steve (Jack Black) que, após uma série de eventos desencadeados no chamado “mundo superior”, precisam resolver um problema que ultrapassa o universo Minecraft e põe em risco o mundo real. O enredo se constrói com base em dilemas simples e soluções previsíveis, sem oferecer muito mais do que referências pontuais e nostalgia para os fãs do game.
Veja o trailer de Um Filme Minecraft:
A narrativa se apoia fortemente em narrações expositivas para justificar suas viradas e não se preocupa em estabelecer lógicas internas sólidas. Há ainda a participação de Sebastian Eugene e Emma Myers (conhecida pela série Wandinha) que supostamente têm um papel crucial na história, mas é tudo tão superficial que, em suma, sua participação se resume em contribuir com os arcos alheios. Os personagens têm seus arcos definidos de forma quase mecânica: introduzidos rapidamente, surge um conflito superficial e seguem para uma resolução igualmente apressada.
Todavia, como mencionado anteriormente, a interação entre o mundo real e o digital é bem feita, com efeitos visuais competentes e boa integração entre live-action e o mundo produzido em CGI, talvez o ponto técnico mais forte do filme, que soube adaptar levemente as criaturas e blocos para aparentarem algo mais factual sem perder o vislumbre da fantasia. O fraco enredo leva a “esquetes” criativas e com certo capricho na realização, o que deve satisfazer grande parte do público-alvo.
As atuações seguem o tom do roteiro: exageradas, cômicas e completamente voltadas à fisicalidade. Black e Momoa se divertem no tipo de papel que já estão acostumados a fazer, apostando em overacting e frases de efeito para manter o ritmo. No entanto, o resultado é um filme que não exige muito do espectador e nem mesmo se preocupa em entregar algo memorável.
Em linhas gerais, Um Filme Minecraft parece mais um episódio estendido de animação infantil do que uma obra cinematográfica com identidade própria. Funciona como passatempo para as crianças e talvez arranque sorrisos nostálgicos do público mais velho que viveu todo o hype do jogo, mas não vai muito além disso. O diálogo que está viralizando define em poucas palavras como esta obra foi conduzida: “First we Mine, then we craft, let’s Minecraft!”. Profundo.
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