Crítica | Desafiando o estigma menstrual, TPM! Meu Amor é um filme sobre autodescoberta

TPM! Meu amor

Qual pessoa que menstrua nunca ouviu um “credo, só pode tá de TPM“, “engordou, né? Deve ser a TPM“? É sobre isso e muito mais que vamos ouvir falar no novo filme de Eliana Fonseca (Coisa de Mulher) e Jacqueline Vargas (Sessão de Terapia), “TPM! Meu amor“, estrelado por Paloma Bernardi (Os Parças).

Na trama — baseada no monólogo teatral “A Mulher Sem Superego”, de Jacqueline Vargas — Monique, interpretada por Paloma, é uma enfermeira que, além de precisar lidar diariamente com um chefe extremamente abusivo e ter perdido uma promoção no trabalho, ainda sofre com crises de tensão pré-menstrual (TPM) terríveis. Frustrada e cansada de ser subestimada, ela decide fazer as coisas do seu próprio jeito e deixar sua TPM comandar. No começo, o plano parece funcionar muito bem, porém, também se torna impiedosa e possessiva, e precisará encontrar uma forma de balancear suas duas versões. Além disso, Monique precisa aguentar as pessoas do seu dia a dia comentarem sobre seu corpo, seu humor e sua “falta de atitude”.

Assista ao trailer de TPM! Meu Amor

Durante coletiva de imprensa, Jacqueline Vargas, a diretora e roteirista do filme, mencionou que a primeira versão do roteiro havia sido escrita há mais de 10 anos, e o 6vezes7 prontamente perguntou o que havia mudado dessa versão para a atual. Jacqueline respondeu que na versão anterior, as decisões e mudanças da Monique giravam em torno de um ideal romântico, de querer conquistar um homem e seu amor. “Isso é tão cringe, tão last week, isso aqui não tá bom”, ela afirma e logo em seguida diz que o grande amor da Monique passou ser apenas elas, e na nova versão, a personagem se apoia em todas as mulheres do seu convívio, e não apenas em duas, como na versão anterior.

E, realmente, o filme acerta bastante no roteiro quando insere pautas feministas, como aceitar o próprio corpo, lutar pelo que acredita nos relacionamentos e na vida profissional, sem se importar com o que vão pensar apenas por você ser uma mulher. É isso que a personagem principal faz quando aceita a sua “outra personalidade”, entre aspas, porque, na verdade, não se difere uma mulher quando se está de TPM ou não, ela continua sendo a mesma mulher, descoberta que a direção do filme acerta em nos mostrar a Monique descobrindo gradualmente.

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As atuações de TPM! Meu amor, estão impecáveis, e uma grande descoberta, para mim, foi a atriz Marisa Bezerra, que interpreta uma das amigas de Monique, e que merecia mais destaque. O filme, apesar de simples e se comparar a outros filmes brasileiros do gênero (Não Vamos Pagar Nada e Ricos de Amor são bons exemplos), cresce interessantemente e te deixa preso na trama para saber como a personagem lidará com algo tão comum na vida de quem menstrua. A trilha sonora original de Xuxa Levy também é um fator surpresa, ao casar perfeitamente com a história e com as cenas em que aparecem, além de causar uma animação no espectador pelo ritmo contagiante.

Um filme recomendado para todas as pessoas que querem ver, de forma leve e bem-humorada, uma mulher descobrindo que está tudo bem em passar pelos perrengues da TPM e mesmo assim não deixar sua essência de lado, pois tudo isso faz parte da pessoa que você sempre foi.

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