Crítica | Os Estranhos: Capítulo 1 dá show de clichês e mostra que sabe ser genérico

O gênero do horror vem há alguns anos cambaleando meio as produções hollywoodianas. Proporcionalmente falando, são raros os filmes que conseguem furar a bolha e trazer algo original, bem conduzido e que consiga gerar algum impacto. Na maioria dos casos temos um enredo raso, personagens sem desenvolvimento e um projeto final sem personalidade, que ocupa o lugar-comum. O mais novo exemplo disso é Os Estranhos: Capítulo 1, que consegue ser genérico até mesmo no próprio título.

O longa chega com a proposta de trazer um remake da obra homônima, de 2008, entrando na onda de várias franquias clássicas que produziram um revival recentemente. Mas o grande problema nessa história é que este novo capítulo traz não apenas uma nova versão do primeiro filme, como também explora, quase que de forma idêntica, inúmeros conceitos da sequência (Caçada Noturna, de 2018).

Se talvez seja cedo para refazer um produto de 2008, com todo certeza é precoce recriar tudo o que foi feito em 2018, QUASE TUDO PRECISAMENTE IGUAL. Foram poucas as vezes que me senti tão traído no cinema. O único ponto de honestidade é a curta duração, já que o filme não entrega qualquer desenvolvimento, logo, 1h30min são mais que suficientes para lhe mostrar a conclusão desta história.

Depois dessa introdução não muito convidativa, finalmente vamos a sinopse: Maya (Madelaine Petsch) e seu namorado Ryan (Froy Gutierrez) viajam para uma pequena cidade em Oregon em virtude de uma oportunidade de emprego. Quando o carro dá problemas, ambos precisam se hospedar no meio de uma floresta isolada e, logo, estranhos batem à sua porta.

Veja o trailer de Os Estranhos: Capítulo 1

A dupla protagonista faz um feijão com arroz e não são grande parte do bolo de defeitos da produção. De resto, não há mais quaisquer outros personagens bem desenvolvidos. Nem mesmo os antagonistas são lá grande coisa, já que aqui a motivação dos perseguidores é justamente a falta de motivação, mas quando isso não é estabelecido adequadamente, surge a sensação de que o roteiro só teve preguiça de se explicar.

Até há uma tentativa de traçar um paralelo real com o alto índice de crimes violentos dentro do território norte-americano, mas é algo que rapidamente se esvai por conta do tom surreal que o filme ganha ao abusar tão excessivamente de todos os clichês do terror. Eu facilmente poderia listar mais de 10 cenas ou conceitos deste longa que você já deve ter visto em outro lugar.

No fim das contas, parece uma temática para maiores estruturada a partir de um desenho infantil. Isso pode não ter sido tão claro, então explicando com mais calma: The Strangers: Chapter 1 replica o método mais barato de fazer um filme; não existe evolução da trama ou das figuras que estão em tela, sugiro que tudo foi montado a partir de esquetes (cena de susto no carro, espiando no banheiro, perseguição na floresta e por aí vai) e o trabalho da direção foi apenas mesclar tudo isso com o mínimo de coerência.

De fato, é uma das poucas vezes que não vejo quase que nenhum mérito na execução de um projeto. Se você não entende o conceito de um produto “sem alma”, assista e vai compreender. Inclusive, essa provavelmente seja a única situação em que eu recomendo o filme, que resumidamente é um compilado de sequências da própria saga aliadas a uma série de outros clichês.

E para ficar por dentro das principais informações sobre a cultura pop, siga @6vezes7 no InstagramTikTok Twitter!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

conteúdo relacionado

últimas publicações