Crítica | Os Banshees de Inisherin entrega uma narrativa inventiva através do singular humor sombrio de Martin McDonagh

Os Banshees de Inisherin (2022)

O mais novo lançamento da semana é de um dos filmes que chega como um dos longas-metragens com mais indicações no Oscar 2023. Os Banshees de Inisherin estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (2) como mais uma prova do cinema criativo e original do diretor, produtor e roteirista Martin McDonagh (Sete Psicopatas e um Shih Tzu, de 2012, e Três Anúncios para um Crime, de 2017). Com um humor sombrio, a narrativa tragicômica do cineasta britânico captura o espectador do início ao fim.

Dentre as nove indicações ao Academy Awards deste ano, o roteiro original de Os Banshees de Inisherin é um dos favoritos. Nas mãos de um bom roteirista, o que parece uma simples história de rixa entre dois amigos pode se tornar uma sucessão de desventuras em série. A comicidade do cineasta flerta com a tragédia por suas reviravoltas e eventos esdrúxulos. No entanto, a condução inventiva tanto no roteiro como na direção fazem a loucura dos acontecimentos vistos em tela funcionarem.

Sob essa mesma ótica, o trabalho que Martin McDonagh faz dirigindo suas histórias é perfeito. Por conhecer o conteúdo que deseja transmitir, o diretor e roteirista orquestra seus filmes com uma maestria impressionante. Além da engenhosidade em suas histórias, McDonagh faz o público acreditar num mundo cheio de eventos inesperados. Aliás, uma das principais características dos filmes de McDonagh é fazer o público crer em algo ainda mais absurdo que está por vir. E assim ele faz em Os Banshees de Inisherin.

Assistir aos filmes de McDonagh é uma experiência diferenciada. Esse teor inesperado e exagerado são elevados para um lugar igualmente engraçado e inteligente. E, em Os Banshees de Inisherin, o cineasta relembra ao espectador o verdadeiro papel de quem senta na cadeira de direção. Ele mostra como uma história deve ser contada – e o cineasta britânico faz isso como ninguém. Talvez McDonagh seja um dos maiores contadores de histórias ainda trabalhando. 

E é através desse jogo de emoções e vazios existenciais que Martin McDonagh entrega diversas oportunidades narrativas e cênicas para que o seu elenco brilhe ainda mais. Com grandes nomes, Os Banshees de Inisherin entrega performances impressionantes. O método de Brendan Gleeson (A Tragédia de Macbeth, de 2021), a sutileza de Colin Farrell (Batman, de 2022), a força de Kerry Condon (Vingadores: Ultimato, de 2019) e a criatividade de Barry Keoghan (Eternos, de 2021) formam um time imbatível em cena. A união desses intérpretes resulta num filme hipnotizante.

Os Banshees de Inisherin (2022)
Cena de “Os Banshees de Inisherin” (2022)

Mesmo que soe confuso ou estranho nos primeiros momentos da sessão, é o elenco coeso e poderoso de Os Banshees de Inisherin que prende atenção do espectador no filme. Brendan, Colin, Kerry e Barry são responsáveis por dar forma às dilatações do roteiro. E a eficácia da escalação do projeto é o que faz dos silêncios do roteiro tão efetivamente incômodos.

Outros pontos de destaque da produção estão na parte técnica. Quatro frentes da produção elevam ainda mais a qualidade do longa-metragem. Os Banshees de Inisherin entrega uma obra sem correções. Todos os elementos que compõem a cena reforçam a grandeza da produção: seja o aspecto cru e frio da fotografia; a visualidade fria, pacata e violenta da direção de arte; a maestria da trilha sonora; ou a sagaz montagem das cenas.

Cada detalhe leva o filme para mais perto da linha de chegada nas principais competições de cinema. No Globo de Ouro, levou foi Os Banshees de Inisherin vitorioso em três categorias: melhor filme e ator em comédia ou musical e roteiro. No Oscar, o longa também concorre em algumas das principais categorias da noite: melhor filme, direção e roteiro original.

Além disso, a produção ainda conta com nomeações para quatro intérpretes de seu elenco (Farrell, Condon e Gleeson e Keoghan, respectivamente, como melhor ator, atriz e atores coadjuvantes), fora dois prêmios técnicos: melhor trilha sonora original e edição. Ainda que seja favorito na competição para a estatueta de roteiro original, Os Banshees de Inisherin pode sair sem nenhum prêmio da noite de 12 de março. Apesar disso, a produção merece atenção por ser um dos melhores filmes do último ano.

Assista ao trailer!

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