Baseada em um quadrinho de sucesso, Nimona esteou na Netflix no último dia 30 de junho. Sem muitos holofotes, a animação logo chamou atenção por sua ótima história, capaz de arrancar boas risadas com seus personagens carismáticos, ao mesmo tempo em que também emociona e faz chorar com sua narrativa intimista e extremamente tocante.
Para começo de conversa, é importante ressaltar que Nimona é a última animação do Blue Sky Studios (A Era do gelo e Rio), que foi descontinuado pela Disney após a aquisição da Fox, em 2019. Na época, o filme já estava 75% concluido, e estava marcado para chegar aos cinemas em janeiro deste ano, mas o seu lançamento foi cancelado. O motivo, segundo ex-funcionários disseram ao The Business Insider, foi por conta de seu conteúdo LGBT, incluindo um beijo gay.
Para nossa sorte, a Netflix abraçou o projeto e, juntamente com a Annapurna Pictures (Link Perdido, Festa da Salsicha),finalizaram a produção. Vertigo Entertainment e DNEG (Ron Bugado) também estão envolvidas com a animação.
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Nimona é um filme tocante e necessário, que utiliza uma grande metáfora para construir sua belíssima narrativa. Num reino isolado, cercado por muralhas, onde todos temem os monstros o diferente, declarados inimigos pelos governantes conservadores, se você for um monstro, só te resta aceitar esse fardo, certo?!
Saiba que não é bem assim! Nimona prova que os rótulos atribuídos por terceiros não significam nada, e que ser definido por um esteriótipo ou crença popular é pura tolice, porque cada individuo é um ser singular, com características e personalidades únicas. E retratar isso através dos poderes metamorfos de sua protagonista foi espetacular.
De forma leve e muito divertida, o filme traça um paralelo impressionante com o mundo real, transformando política em entretenimento, expondo as diversas formas de preconceito que ainda perduram ao longo dos anos, mesmo com tantos avanços sociais e tecnológicos.
Apesar do enredo se sobressair, o estilo de animação também é muito bonito. Nimona utiliza muito bem as cores para contar sua história, trazendo um ar todo descolado, punk, destacando o já dito “diferente”, o tornando também especial, protagonista, de certa forma.
Mesmo tendo chegado à Netflix de forma tímida, Nimona faz muito barulho. É impressionante a forma como esse filme é cativante, subvertendo diversos papéis, referenciando o mundo real e se divertindo no processo, mesmo com tantos temas delicados sendo expostos. Esta, sem sombra de dúvidas, é uma animação que merece ser assistida e reprisada.
Baseado no graphic novel de Noelle Stevenson, Nimona conta a história de Ballister Boldheart (Riz Ahmed), um cavaleiro que incriminado por um crime que não cometeu. A única pessoa que pode ajudá-lo a provar sua inocência é Nimona (Chloë Grace Moretz), adolescente metamorfo que também pode ser um monstro que ele jurou matar. Situada em um mundo tecno-medieval, esta é uma história sobre os rótulos que atribuímos às pessoas e ao metamorfo que se recusa a ser definido por qualquer um.