Com um temporada divisora de águas, no mínimo, Mulher-Hulk finaliza com um episódio fantástico, com autocríticas, dedos nas feridas e um tom que ainda não havíamos visto em nenhuma outra produção de super-heróis.
Mulher-Hulk não é uma série perfeita e nem conseguiu romper de forma eficiente as amarras da famosa “fórmula Marvel”, mas já deu o ponta pé inicial e se destacou por sua ousadia, acidez e originalidade. Para começar, seus 9 episódios foram de fato a primeira série do UCM no Disney+, não relacionado à produção, mas ao seu formato, já que suas antecessoras funcionaram como um filme de seis horas divididas em partes e lançadas episodicamente. Adotar o estilo de sitcon foi um acerto notório, já que tentou a todo custo ser mais do que uma “série de super-heróis”, fugindo do caminho fácil de mocinha versus vilão.
Se por um lado desde o começo a protagonista fez críticas sarcásticas sobre ter muitas participações especiais com personagens adorados, alegando que não seria assim, por outro foi exatamente isso o que aconteceu! Wong, Emil Blonsky, Hulk e Demolidor apareceram algumas várias vezes ao longo da trama, algumas sim de forma útil, mas outras apenas porque seria “legal” ter eles ali — inclusive, o Demolidor serviu de gancho para ajudar a “hypar” a série, com alguns easter eggs aqui e ali que adiavam a sua participação.
De todo modo, o tom leve e divertido da série também ajudou a camuflar os seus efeitos especiais desleixados, que foram alvo de críticas desde os primeiros trailers. Para isso, a própria produção cuidou de questionar, fazendo piadinhas e usando muitos comentários reais para enriquecer seu enredo, criando um exercício de metalinguagem interessante e super divertido.
Além de um roteiro com grande liberdade criativa, os méritos para o tom da série ter funcionado devem ser compartilhados com sua protagonista. Tatiana Maslany foi sem sombra de dúvidas a melhor coisa dessa série! Suas sacadas, caras e bocas foram o ponto alto, corroborando para que ficássemos cada vez mais apegados no enredo, esperando aonde mais o seu carisma iria nos levar.
Sendo mais uma atriz de primeira linha no UCM, é de se esperar que ela faça mais aparições nas futuras produções da Marvel, apesar de não termos nenhum título confirmado.
Ao lado do especial Lobisomem na Noite, Mulher-Hulk sem dúvidas colaborou para a revolução que está para acontecer no Universo Cinematográfico da Marvel, que vem tentando se reinventar desde o lançamento do Disney+, mas que ainda não acertou o seu tom fora das grandes telas. Agora, com aposta em formatos ainda não explorados, a expectativa por obras que ainda estão em desenvolvimento sem dúvidas aumentou, já que podemos ter boas surpresas.