Um dos filmes mais esperados do ano (aos menos para os fãs de terror) enfim chega aos cinemas. O terceiro capítulo da franquia X, dirigida por Ti West (X – A Marca da Morte e Pearl, ambos de 2022), estreia nas salas de cinema do Brasil, nesta quinta-feira (11), com altas expectativas. Dois anos após os dois primeiros longas da trilogia, MaXXXine conclui o que, até então, é uma história fechada em três narrativas sobre a personagem que dá título ao mais recente projeto. No entanto, é preciso se preparar para um resultado que talvez não agrade a todos.
O maior perigo em ter um novo lançamento com muito hype é justamente a quebra de expectativas quando se assiste a obra e é isso que sinto com MaXXXine. Ainda que recepção seja algo subjetivo, existem fatores que estão além dessa aura pessoal da arte. A técnica entra aqui como um balizador de qualidade, conseguindo, até certo ponto, denotar acertos e erros. Tendo isso em vista, o novo slasher de Ti é visualmente interessante, tecnicamente bem executado, mas com um roteiro que deixa muito a desejar.
Quando comparado com seus filmes anteriores, o desenvolvimento narrativo de MaXXXine parece algo despreparado. Enquanto X e Pearl alcançaram um alto nível de escrita e desenvolvimento de personagens e ações, o plot do terceiro filme da franquia soa confuso e mal trabalhado. Parece que o cineasta estadunidense estava pensando em outro projeto slasher whodunit e resolveu juntar com a história de Maxine Minx. Isso não só atrapalha a potência do filme, mas até mesmo a experiência do espectador.
Assista ao trailer de MaXXXine:
Enquanto as produções anteriores se concentravam num cuidadoso desenvolvimento de personagens que fazia a narrativa girar, MaXXXine se prende a um período e um contexto extremamente específico (os assassinatos do Night Stalker) que não ajuda em nada o desenvolvimento da história. E aqui é importante destacar que o problema não é a escolha do período e nem do local que o filme se passa – até porque esses se mostram bem coerentes -, mas essa situação do serial killer inserida.
A presença constante dos feitos de Richard Ramirez, o verdadeiro Night Stalker, e seu cruzamento com as vivências de Maxine se imbricam de forma atrapalhada. Não há um link bem desenvolvido para isso na história. A resolução dessa relação no terceiro ato do longa é rápida demais e bem frágil. Por essa razão, há uma constante sensação de que Ti tinha uma ideia de um filme sobre os anos 1980 e um assassino em série famoso e juntou com o que seria MaXXXine.
O roteiro é o ponto mais fraco da produção. Desperdiçando o desenvolvimento de personagens extremamente interessantes, como os de Elizabeth Debicki (Guardiões da Galáxia 3, de 2023), Giancarlo Esposito (Abigail, de 2024), Moses Sumney (The Idol, de 2023) e Kevin Bacon (Um Tira da Pesada 4, de 2024), MaXXXine perde justamente no que fez X e Pearl brilharem: seus astros e estrelas. Ainda que cada um desses artistas e do restante do elenco – incluindo a brilhante Mia Goth – entreguem o seu melhor, não há o mesmo impacto memorável das performances como aconteceu no projeto que inaugurou a franquia.
Apesar dos problemas narrativos já citados, é necessário exaltar um ponto do roteiro: a paixão do diretor pelo gênero. Ti West demonstra não só conhecimento sobre as estéticas e técnicas dos períodos do horror, mas também declara o seu amor pelo fazer cinematográfico do terror (especialmente o slasher). A franquia como um todo é uma ode ao subgênero e o cineasta se debruça inteiramente nessa (re)construção de imaginário, pano de fundo e estética. Por essa razão, o maior mérito de MaXXXine é a força de sua imagem.
Evidentemente, o resultado da estética no resultado do longa está para além de Ti. O mérito está, principalmente, nas mãos dos departamentos de arte e fotografia. Tanto a construção de mundo a partir dos cenários, figurinos e cores, como a cinematografia de MaXXXine, são os maiores responsáveis pela beleza e precisão vista em tela. A união desses fatores mantém algo já posto na franquia que é o cuidado e a perfeição na técnica quando eles se dispõem a (re)criar determinado período da história do cinema.
Ainda que tenha problemas de roteiro e desenvolvimento de personagens, o projeto é capaz de entregar uma estrutura técnica que compõe muito bem a construção do universo. Atrelado a isso, os conhecimentos e a paixão do diretor pela história do slasher são alicerces poderosos na manutenção desse resultado. Assim, apesar das fragilidades no seu decorrer, MaXXXine é uma experiência interessante para os fãs mais apaixonados pelo subgênero – assim como seu criador -, que vai continuar a dividir opiniões sobre ser ou não um final merecido para a trilogia.
E para ficar por dentro das principais informações sobre a cultura pop, siga @6vezes7 no Instagram, TikTok e Twitter!