Crítica | Clube dos Vândalos é (quase) um clássico anacrônico

Tão importante quanto o esmero com a qualidade do produto, é saber como e para quem vendê-lo. Jeff Nichols é sagaz na direção do seu mais novo projeto e entrega um longa que certamente vai causar reações dúbias; até por isso que Clube dos Vândalos não chega como um blockbuster que promete agradar as grandes massas, seus trunfos são trazer um roteiro envolvente, atuações do mais alto nível e uma reprodução autêntica da década de 1960.

Desde filmes mais clássicos como Blade Runner e O Exorcista até os mais recentes como Ford vs Ferrari, o ritmo mais lento sempre é um tema de muita discussão. Pode parecer até um pouco estranho que a retratação de uma gangue de motoqueiros possa dar luz a um projeto tão cadenciado e que trabalha cada acontecimento com tanta calmaria, mas cabe ao público aceitar a proposta e aproveitar das suas muitas qualidades.

Na trama, Tom Hardy interpreta Johnny, um pai de família comum que decide criar um motoclube para servir de hobby para ele e outros moradores do Meio-Oeste dos Estados Unidos que buscavam mais adrenalina diante de uma vida pacata. Austin Butler está na pele de Benny, um possível sucessor do comando do clube que está insatisfeito com o rumo que o grupo está tomando.

Veja o trailer:

A condução lenta não mede esforços para desenvolver e detalhar cada minúcia dos personagens, o que facilita para que nós (público) estabeleçamos uma grande identificação com cada figura do núcleo principal. Por mais que não você não concorde com a posição de determinado personagem, o enredo é eficiente em construir os pontos de virada que nos faça compreender as constantes mudanças de comportamentos e valores.

Apesar da direção ser um dos pontos mais fortes aqui, algumas vezes surge o sentimento de que a história pede para engrenar, mas alguns excessivos maneirismos atrapalham a fluidez do seu andamento (como o desejo de narrar os acontecimentos em ordem não linear). É algo muito parecido com o que ocorre no recente Rivais clique aqui para ler a crítica.

E diante de um subgênero já tão explorado pela indústria, o diretor teve a sensibilidade de não tentar trazer essas personalidades por uma perspectiva antiga – se levando a sério além da conta. Já não estamos mais nos anos 60, 70 ou 80 e muitas das coisas que eram vistas como “badass” hoje é o puro suco do ridículo. E é justamente nesse viés que cada ato transita entre uma visão mais caricaturada e momentos mais tensos e pés no chão, dependendo do que a sequência queira transmitir.  

The Bikeriders é divertido e possui seus instantes de emoção, apesar de não estar nos padrões mais acelerados das mídias que mais consumimos hoje. É um filme para sentar e apreciar sem pressa, cada minuto a mais é resultado de alguma cena introduzida para de fato nos contar algo, não embromar por pura invencionice ou até mesmo se alongar para ter status de “cult”. O longa naturalmente consegue emergir a aura de um clássico moderno e entregar um alto padrão de qualidade.

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