O maior nome da história do reggae, Bob Marley teve este ano sua cinebiografia lançada. O filme foca na construção do seu álbum de maior sucesso (Exodus) junto a banda The Wailers, destacando a intensa devoção religiosa do vocalista ao Rastafári. O longa também pincela a infância de Bob e ressalta sua importância para a comunidade jamaicana mediante as guerras urbanas da década de 70.
Similar a outros artistas homenageados recentemente em uma produção (Mamonas Assassinas), o longa cai em algumas cascas de banana similares que não pude deixar de constatar. O ritmo acelerado no intuito de caber muitas histórias em um recorte pequeno de apenas um filme é um desses exemplos. Outro é a quebra brusca do andamento da trama para dar espaço a algum flashback que poderia ser introduzido em algum momento mais adequado.
No geral, os fãs do “Rei do Reggae” devem ficar satisfeitos com sua retratação, o filme se esforça para deixar os traços de personalidade do cantor bem marcados, tentando fazer com que o público enxergue o ícone do mundo real na telona. O problema é que as 2 horas que compreendem o filme não permitem que tudo aconteça com a devida naturalidade, algumas decisões tomadas simplesmente não nos apetecem, pois não temos tempo hábil de desenvolver (ou mesmo assimilar) um pensamento similar ao do protagonista.
Tanto a origem dos conflitos quanto as resoluções parecem carecer de um roteiro melhor estruturado. Muitos recursos narrativos diferentes poderiam ter sido utilizados para indicar flashbacks, passagens de tempo, ou mesmo os progressos e as turbulências apresentadas. Grandes acontecimentos perdem intensidade e impacto se não apresentado no timing certo, o que é um infortúnio recorrente durante todo o filme.
Um elenco que entrega o necessário, uma história base interessante o suficiente para ser contada, uma personalidade história que transcende o campo da música. Talvez exatamente por analisar as minúcias do que poderia ter sido entregue, a sensação mais eminente é que tudo aquilo poderia ser contado de modo mais coeso, não deixando esse saldo final meio amargo.
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