Dando continuidade a nova leva de remakes em live-action da Disney, num esforço da empresa em reavivar na cultura pop, A Pequena Sereia não atinge a emoção da obra original, mas mesmo assim é um filme redondinho, que de tanto se esforçar para não ser ruim, consegue entregar uma qualidade modesta, que não cativa para garantir uma reprise, mas garante um bom entretenimento.
Assim como os demais filmes da nova leva, este não se arrisca a trazer novos elementos realmente significativos para a história, apostando na segurança de ser uma releitura de um clássico renomado. Entretanto, dentro disso saíram boas coisas, como o trio de amigos da Princesa Ariel (Halle Bailey), Sebastião, Linguado e Sabidão, que sem esforço algum — e mesmo sem as feições antropomorfizadas — rouba a cena sempre que aparece, garantindo o bom humor e arrancando ótimas risadas.
Outro ponto positivo inquestionável é a protagonista. Halle Bailey é fenomenal como Ariel e podemos notar isso a cada nuance de sua performance. Com um brilho no olhar, a atriz se entrega ao papel e celebra o seu protagonismo de forma contagiante, dando vida nova às já icônicas canções de A Pequena Sereia com sua voz, transformando alguns momentos crus em um deleite audiovisual.
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Mas nem tudo são flores — ou cores. Bastante sombrio, o filme utiliza a escuridão de diversas maneiras, seja para mostrar como Ariel se sentia vivendo acorrentada a um mundo que não mais considera seu lar, ou apenas para disfarçar os efeitos especiais quando necessário. O problema é que isso incomoda em vários momentos, tornando algumas cenas esquisitas de serem assistidas, pela não compreensão do que está em tela e por não ter cor alguma em momentos chave para a trama.
Mal comparando com a animação de 1989, as cores, o lúdico e a magia Disney são itens faltosos no live-action de A Pequena Sereia. Mesmo não sendo um característica específica deste filme, parece que a Walt Disney Studios está tentando nos entregar um bolo com alguns ingredientes faltando, neste caso, sem o açucar. É um bolo, feito com a mesma receita, mas falta sabor. Não conquista. Não cativa.
No final das contas, A Pequena Sereia é um filme que tentou à todo custo não ser ruim, mas de tando nadar, morreu na praia da mediocridade. Mesmo não sendo um desperdício — o que já é bom —, o nível de encantamento e excelência que a Disney estabeleu para si própria se firmou numa régua muito alta, que ela mesma não alcança há um bom tempo.
De todo modo, seria uma lástima julgar este filme apenas pelos comentários das redes sociais. Ah, que pena seria.
Assista ao trailer de A Pequena Sereia:
A Pequena Sereia é estrelado pela cantora e atriz Halle Bailey (grown-ish) como Ariel; Jonah Hauer-King (A Caminho de Casa) como o Príncipe Eric; o vencedor do Tony Award Daveed Diggs (Hamilton), que empresta sua voz a Sebastião; Awkwafina (Raya e o Último Dragão) como a voz de Sabidão; Jacob Tremblay (Luca), dando voz a Linguado; Noma Dumezweni (O Retorno de Mary Poppins) como a Rainha Selina; Art Malik (Homeland) como o Sir Grimby; com o vencedor do Oscar Javier Bardem (Onde os Fracos Não Têm Vez) como o Rei Tritão; e a duas vezes indicada ao Oscar Melissa McCarthy (Poderia Me Perdoar?; Missão Madrinha de Casamento) como Úrsula.
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