Análise | A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes: as novas camadas de Jogos Vorazes sem Katniss

Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes análise crítica resenha do filme

O novo longa da franquia possui a maior duração, além de um enorme subtítulo: Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes. Esses poderiam ser indicativos inerentes a uma prática comum meio as produções “galinhas dos ovos de ouro”. Usar e abusar dos personagens já conhecidos em situações muito semelhantes, apenas tornando algo maior, mais violento, mais apelativo, mais e mais… por sorte, isso não acontece com Hunger Games, que se reinventa à medida que mantém sua natureza.

A saga tem um apelo popular enorme e virou um dos símbolos da cultura pop, mas o que fazer quando a história acaba? Ao invés de criar uma nova confusão na vida de Katniss Everdeen, é possível explorar a criação de mundo, outros personagens e novas circunstâncias intrínsecas as regras daquele universo. Seja a mudança no protagonismo ou mesmo a inserção de novas figuras, nada desvia da essência da trama, muito pelo contrário: incrementa, desenvolve e traz mais complexidade ao que já vimos antes.

A contraposição já começa enquanto o filme apresenta o clássico modelo da jornada do herói aplicada a um vilão. O enredo gira em torno de Coriolanus Snow cercado por todos os arquétipos que farão parte da sua trajetória e o dilema é como e quais deles moldarão sua figura.

Os pássaros e as cobras são elementos literais, mas que também podem receber significados mais alegóricos, visto que ambos estão estreitamente relacionados a duas personagens centrais do longa, respectivamente Lucy Gray e Volumnia Gaul. A primeira traduzindo a simplicidade, o cuidado com o próximo e o canto, reflexo do desejo da liberdade; emergindo o lado humano de Corio. Ao passo que Dra. Gaul manifesta a fúria e amargura, reverberando sua incapacidade de seguir em frente, com a crença de que os pecados não devem ser esquecidos e a punição deve seguir incessantemente sobre os menores para que a grandeza seja reafirmada.   

A cartada do vilão “mau por opção” está cada vez mais obsoleta e uma idealização competente do antagonista se mostra tão importante quanto a do herói. O Presidente Snow pode já ser conhecido como um tirano impiedoso e egoísta, alguém fruto do mal e amante da crueldade. Mas tudo fica muito mais interessante quando os tons de cinza são postos, a empatia automaticamente aflora ao ver os indícios de sua humanidade. A ambiguidade entre o bem e o mal é explorada, evidenciando como cada momento da vida de Coriolanus é crucial para definir o quão “parecido com seu pai” ele viria a ser.

A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes é um excelente filme que, diferente da maioria, consegue aproveitar sua longa duração com maestria, delimitando três partes que funcionam por si só, mas juntas entregam uma experiência ainda mais notável. Para quem não conhece a saga, aqui é um ótimo ponto a se começar e para os fãs a vivência é ainda mais intensa, ressignificando parte do que vimos até agora e entregando aquele fan-service na medida, que é sempre uma motivação a mais para ir ao cinema.

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