Coração de Ferro erra o tom e entrega um punhado de episódios decepcionantes | Crítica

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Coração de Ferro surge com uma proposta visualmente ousada e uma premissa instigante: misturar tecnologia com magia. Produzida por Ryan Coogler, responsável por filmes como Pantera Negra e Pecadores, a série tinha potencial de sobra para ser algo grandioso e inovador. No entanto, o resultado final é decepcionante, tanto como obra isolada quanto como parte integrante do universo Marvel.

Desde os primeiros episódios, fica evidente que a série sofre com um problema fundamental em seu tom. Coração de Ferro parece, em muitos momentos, uma animação infantil transposta para o live-action, o que compromete totalmente sua imersão. A estética, os diálogos, as soluções narrativas e até mesmo os vilões remetem a algo que funcionaria melhor em um desenho animado. Só que aqui, com atores reais e um suposto compromisso com a coerência do universo Marvel, tudo soa deslocado, bobo e até constrangedor.

Assista ao trailer de Coração de Ferro:

A protagonista, Riri Williams (Dominique Thorne), que havia sido apresentada com carisma e inteligência em Pantera Negra: Wakanda Para Sempre, aqui é reduzida a uma personagem rasa, com motivações pouco convincentes. A série tenta colocá-la em uma jornada dramática que nunca convence de verdade, como, por exemplo, ao forçar uma virada em que ela recorre ao crime para conseguir dinheiro, o que soa completamente descolado da lógica da personagem e do universo que a envolve.

O vilão Capuz (Anthony Ramos) representa outro grande problema. Com falas exageradamente teatrais, sem nuance ou complexidade, ele parece saído de um roteiro descartado de uma produção infantojuvenil da década passada. É um personagem unidimensional, com um discurso fraco que não consegue se vender como ameaça real.

Mesmo os coadjuvantes, como a gangue do Capuz ou Ezequiel Stane (Alden Ehrenreich), até têm momentos interessantes, mas são desperdiçados por um roteiro apressado e mal distribuído. O que parece é que a série foi encurtada ou teve sua estrutura comprometida, talvez reduzida de mais episódios para apenas seis, o que só reforça a sensação de que Coração de Ferro foi lançada sem plena confiança por parte da Marvel.

O grande paradoxo é que, em meio ao caos, Coração de Ferro ainda esconde ideias interessantes que poderiam ter rendido muito mais. A ambientação, o conflito entre ciência e magia, e até mesmo a estética de alguns personagens (como a palhaça pirotécnica da gangue, que tem presença e carisma) mostram que havia material de valor ali. Mas a execução, do roteiro à direção de arte, impede que qualquer elemento realmente floresça.

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No fim, Coração de Ferro se junta à leva de produções recentes da Marvel que decepcionaram o público por não saberem o que querem ser. Assim como As Marvels, Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania e She-Hulk, a série parece perdida, sem propósito claro, entregando episódios que andam, andam e não saem do lugar — e, pior, terminam sem responder nada do que propuseram!

Mais do que ser apenas uma série ruim, Coração de Ferro é um produto que levanta uma questão incômoda: por que existe? Sem acrescentar algo relevante ao Universo Cinematográfico da Marvel (UCM) e sem funcionar como obra isolada, a série termina como um amontoado de intenções mal realizadas. O saldo é frustrante: uma protagonista desperdiçada, uma história que não empolga e uma produção que parece ter sido lançada apenas para “cumprir tabela”.

No final, fica a sensação de que Coração de Ferro poderia ter sido muito mais, mas acabou sendo apenas mais um capítulo esquecível da fase instável da Marvel.

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