Pouco mais de dois anos após o sucesso da obra dinamarquesa que furou a bolha conquistando reconhecimento internacional, Não Fale o Mal (Speak no Evil, título original) recebe seu remake hollywoodiano mesclando uma pequena dose de humor com uma grande porção de suspense e tensão. Estrelado por James Mcavoy, o longa adapta a linguagem e ritmo ao passo que respeita de modo fidedigno grande parte do material base.
Desta vez, com uma execução suavemente mais leve e evitando complicações, a trama manifesta um ar mais próximo aos norte-americanos e, consequentemente, ao restante do mundo que costuma consumir seus produtos. E é justamente visando ampliar o público que a produção preza por objetividade e tem mais cautela em temas sensíveis. Por mais que não mergulhe profundamente nas próprias ideias com a mesma audácia do original, é uma recriação digna e caprichosamente realizada, que funciona bem para quem viu o filme de 2022 e melhor ainda para quem não tem ideia do que se trata.
O enredo gira em torno do casal Ben (Scoot McNairy) e Louise (Mackenzie Davis) que meio a problemas de relacionamento decidem fazer uma viagem junto a filha Agnes (Alix West Lefler) com destino a Itália. Lá conhecem a família de Paddy (James McAvoy), que está junto a sua esposa Ciara (Aisling Francioni) e seu filho Ant (Dan Hough). Depois de uma rápida aproximação, Ben e companhia são convidados a se hospedarem na casa de Paddy, num pacato interior da Inglaterra.
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Com uma premissa intrigante e um mistério crescente, o longa não te dá tempo para respirar e, mesmo nos momentos mais tranquilos, planta sementes para causar inquietação no ambiente e introduzir pequenos conflitos. Os desentendimentos aqui recebem um tom mais palpável e por mais que repita fielmente algumas sequências marcantes do primeiro filme, alguns detalhes são meticulosamente alterados para encaixar no paradigma dos suspenses slasher (o que não afeta negativamente o resultado final).
O terço final do projeto faz com que ele não se assemelhe ao clássico modelo ruim de remake que não agrega em nada a franquia original, a exemplo do que foi feito recentemente com o grosseiro Os Estranhos: Capítulo 1, que repete tudo feito previamente sem entregar nenhuma recompensa a quem já viu seu antecessor. Felizmente, Não Fale o Mal de 2024 muda os caminhos para alcançar o clímax narrativo e cumpre o dever de uma boa releitura, proporcionando uma experiência revitalizada.
Com menos espaço para contemplação e sendo mais direto em responder aos próprios questionamentos, esta versão não perde em qualidade – principalmente por conta do excelente elenco – mas revela um perfil mais acessível e eficiente para o público geral. Traçando um paralelo com o mundo dos games, este thriller faz algo similar ao Resident Evil 4: trabalhando com um material já consolidado, é cauteloso nas mudanças, mas estas são suficientes para identificarmos o contexto e personagens já conhecidos conforme somos envolvidos com uma experiência nova e autêntica.
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