Após mais de 15 anos do último capítulo, nosso arqueólogo favorito finalmente retorna para o que deve ser sua última aventura. Indiana Jones e a Relíquia do Destino já chegou trazendo confusão na tradução do seu título, além de estar sob desconfiança devido aos recentes fracassos nas tentativas de revival em grandes franquias. Mas será que Indiana Jones entra no mesmo pote de decepção de MIB e Os Caça-Fantasmas ou assume uma posição de prestígio como fez Top Gun?
Se sua proposta é revisitar uma clássica aventura de Indiana Jones em um tom pipoca, um filme para passar o tempo e não pensar muito, você receberá tudo o que espera. Exploração, perseguições, explosões, cenas de embates frenéticos e Harrison Ford, um dos pontos mais altos do filme, que brilha ao trazer de volta a essência de um herói cafajeste, que se sobressai por sua singularidade meio ao padrão de protagonistas do gênero.
Já na marca dos 80 anos, Ford se despede do papel de Indiana Jones entregando tudo o que restava no tanque e mostrando que continua sabendo nos cativar, mesmo sem fazer o típico mocinho. Do drama às tiradas cômicas, o timing do ator é irretocável, seja para emocionar ou estimular. Para um ator de primeira linha, o que poderia ser um problema nesta altura seria as limitações físicas da idade, que por sua vez são muito bem maquiadas graças ao empenho do ator somado a competência da produção.
Vale também deixar um destaque para o ótimo CGI no trecho de rejuvenescimento! TOTALMENTE DIFERENTE DE ABSURDOS COMO WILL SMITH EM PROJETO GEMINI
Por mais carismático que seja a interpretação de Dr. Jones, nada supre a falta de um bom elenco de apoio. E pensando nisso o filme nos apresenta uma nova forte presença ao elenco, Phoebe Waller-Bridge vive Helena Shaw, filha de Basil Shaw e uma das figuras centrais da trama. Em alguns momentos, a atriz chega até mesmo a dividir o protagonismo, trazendo uma dualidade similar ao Indy e sendo uma espécie de escape para que os fios narrativos sejam explorados em diferentes contextos até que cada estágio da jornada do herói vá se cumprindo.
Nem tudo são flores… se por um lado tivemos um trabalho decente na coadjuvante, não acho prudente dizer o mesmo dos antagonistas, que estão bem no estilo “vilão de desenho animado”. Por mais que utilizem de um pretexto social historicamente relevante para “justificar” suas ações, ainda assim não se sustenta e no produto final suas motivações são tão rasas quanto uma piscina de criança. Isso pode até ter acontecido com o consentimento da produção, que pode ter tentado se esquivar do aprofundamento no neonazismo para não prejudicar o tom mais leve do longa.
A conclusão deste 5º capítulo é que temos uma obra que não possui a riqueza da trilogia clássica, mas que não chega a ofender os fãs como muitos apontaram após o quarto filme. Um humor bem dosado junto a um enredo envolvente que prende a atenção do público, seja pelo ritmo acelerado ou até mesmo pela piração pseudocientífica aliada aos momentos históricos explorados no longa. Uma experiência válida, que merece pelo menos uma chance de ser assistida, principalmente pelos amantes da franquia.