Telefone Preto 2 chega para tentar repetir o sucesso do seu antecessor e mais uma vez tem como principal mérito à atmosfera sombria e densa que consegue recriar. A ambientação é sufocante, impregnada de uma tensão que se mantém mesmo nas pausas, deixando a sensação de que o perigo sempre está por perto.
Tudo, desde simples escolhas estéticas dos personagens e cenários até a parte mais elaborada do design de produção, reforçam a construção de um universo não contemporâneo que obedece às suas próprias regras. Quase qualquer cenário remete a traumas ou casos insólitos, favorecendo a imersão imediata, mesmo que o roteiro nem sempre corresponde a altura.
Veja o trailer dublado:
A trama acompanha a jornada de Gwen (Madeleine McGraw), que sofre com pesadelos que aos poucos se mostram não serem um fruto de sua imaginação. Ela decide se juntar ao irmão Finney (Mason Thames), sobrevivente do Grabber, para investigar um acampamento religioso e tentar descobrir o que significam suas visões. Assim, o mistério vai tomando forma, de modo que o filme até espalha pistas com paciência, construindo um quebra-cabeça que parece promissor, mas que se completa de modo abrupto, sem o impacto que a tensão sugeria. Essa quebra de ritmo prejudica o envolvimento, especialmente quando a história parece estar prestes a mergulhar em algo mais complexo.
Visualmente, o longa se destaca por seu estilo e por uma condução que remete a clássicos do terror psicológico. Há uma visível inspiração em A Hora do Pesadelo, principalmente na forma como o campo onírico se mistura à realidade, refletindo um ambiente que parece ter vida própria, quase como um personagem. Esse aspecto surreal é o que mais chama atenção na produção, que busca um equilíbrio para o fantasioso, sem precisar tirar de vez os pés de um mundo “real”. Mesmo sem extrapolar na violência gráfica, a obra não abdica do abuso emocional, explorando bem o desconforto e vulnerabilidade dos personagens.
O roteiro, contudo, não acompanha a força visual. A história é simples e direta, o que não seria um problema se não soasse limitada em suas pretensões. Apesar de uma sequência final criativa, falta um clímax mais marcante, algo que justifique o caminho percorrido. O longa parece mais interessado em expandir o mundo do que em realmente desenvolvê-lo, e nisso acaba preso entre duas intenções: ser uma continuação satisfatória ou afirmar sua autenticidade e esse embate parece travar uma evolução da história. Ainda assim, há méritos no cuidado técnico e na maneira como o diretor Scott Derrickson
mantém o tom sombrio sem deslizes, uma pena que os fechamentos ficam aquém de sua própria elaboração.
The Black Phone 2, no original, é um filme que sabe trabalhar o próprio universo e o impacto do medo silencioso, mas tropeça na hora de encerrar seus fios narrativos. Funciona por sua proposta sensorial, uma produção que valoriza muito seu clima e por esse esmero consegue marcar até nos toques mais suaves. Apesar das falhas no roteiro, mantém a curiosidade viva e confirma que o universo criado ainda tem espaço para ser explorado.
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