Crítica | Motel Destino é autêntico ao combinar suspense e humor com doses de erotismo

Depois de causar burburinho no Festival de Cannes, com direito a sessão de aplausos de 12 minutos, Motel Destino finalmente chega as terras onde foi concebido. E não é à toa que o longa do cineasta cearense Karim Aïnouz vem dividindo opiniões e impactando a quem o assiste, a direção conduz o projeto para caminhos poucos usuais e abusa de temas ousados como a sexualidade sem qualquer receio de intimidar visualmente o espectador.

Explorar cenas com teor erótico nem sempre é o artificio mais leal do cinema, mas em casos como este, as sequências são essenciais para transmitir uma maior proximidade com a realidade. Aqui não há necessariamente o objetivo comum de inflamar o público, mas sim seguir pelo caminho contrário. Por vezes, esse recurso traz incômodo e até estabelece uma relação animalesca entre os personagens, fator ainda mais evidenciado com os flashes que ao longo da trama ilustram a perspectiva do protagonista.

Veja o trailer:

E falando de protagonismo, Iago Xavier tem uma performance de luxo na encarnação de Heraldo. Esbanjando fisicalidade e transparecendo as diversas nuances do seu personagem mesmo nos detalhes mais suaves como no olhar ou mesmo na tremulação de sua voz, ele dá vida a um jovem cearense pobre que tem o sonho de viajar para São Paulo e garantir uma mudança de vida.

Nataly Rocha fazo papel deDayana, dona de metade do Motel Destino que vive um difícil momento em um relacionamento abusivo. E fechando o trio principal, Fábio Assunção surge como Elias, o antagonista de Heraldo que, assim como qualquer outra figura, é montado a partir de muitos tons de cinza, o que valoriza ainda mais o conflito desenvolvido entre o núcleo principal.

O longa é corajoso em suas decisões e definitivamente não é funcional para boa parte do público, com um ar noir e o ritmo extremamente cadenciado, a história não economiza tempo para progredir nos seus arcos. Diante de muitas metáforas e subtextos, o roteiro não se preocupa em entregar todas as respostas, deixando alguns vários mini fios narrativos abertos para a interpretação.

Decerto uma obra que foge do lugar-comum e se propõe a entregar uma genuína experiência cinematográfica. Motel Destino é eficiente ao submeter o público a uma angústia incessante enquanto promove um esforço contínuo (e extremamente funcional) para não nos distanciarmos do personagem de Heraldo, mesmo que não estejamos alinhados com todas suas convicções e comportamentos.

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