A campanha de divulgação da mais nova produção de James Wan (Invocação do Mal 2, de 2016, e Aquaman, de 2018) começou de uma forma diferente. Apesar do extremo sucesso do diretor, roteirista e produtor australiano, o lançamento do primeiro trailer de M3GAN levantou mais dúvidas do que conquistou possíveis fãs. Num primeiro olhar, essa pareceu ser uma tragédia anunciada de crítica, bilheteria e qualidade.
As coisas mudaram de cenário quando, cerca de um mês antes da estreia, as primeiras impressões sobre o filme começaram a sair. De acordo com a crítica e as reações das exibições feitas, M3GAN era exatamente o contrário do esperado. Com um roteiro interessante e sagaz, a trama da boneca de inteligência artificial foi anunciada como um dos melhores filmes de terror do ano – ainda que fosse uma das primeiras estreias em 2023.
Com seu lançamento marcado para esta quinta-feira (19) nos cinemas brasileiros, M3GAN é esperado pelos fãs do gênero com antecipação. De fato, o longa-metragem surpreende o espectador com uma história completa. O filme é divertido e inteligente por abraçar o cinema de terror b que ele se propõe a ser. E, mesmo com essa arriscada escolha, isso não faz com que a qualidade e criticidade da narrativa diminuam.
Desde a primeira cena, o público já mergulha no absurdo e no pavor do universo criado por Wan e Akela Cooper (Parque do Inferno, de 2018, e Maligno, de 2021). Apesar de ter sido uma ideia de ambos, apenas a roteirista estadunidense foi a responsável pelo roteiro do filme. É possível, no entanto, ver a essencial de Wan dentro do trabalho. Por terem escrito o argumento juntos e serem parceiros de longa data em colaborações de histórias, M3GAN se mantém a cara de James Wan, ao menos no quesito narrativa.
Apesar da inteligente história escrita por Akela, não se pode falar o mesmo da direção. Wan, além do argumento, atuou apenas como produtor do longa, o que fez com que o resultado visual do filme não alcançasse o máximo que poderia. O trabalho de Gerard Johnstone não é ruim, mas está longe de ser surpreendente como a inventividade e loucura do roteiro. Gerard entrega uma direção linear e que não aproveita a lógica do absurdo de M3GAN.
É inevitável imaginar como seria o filme se tivesse tido Wan na cadeira de direção. A intensidade do cineasta australiano provavelmente entregaria cenas mais dinâmicas, divertidas e, principalmente, perturbadoras. Afinal, mesmo em seus trabalhos mais fracos (como em Gritos Mortais, de 2007), James Wan sempre consegue contar sua história de uma forma inventiva. E é exatamente essa criatividade que faltou em M3GAN por conta do trabalho de Gerard Johnstone.
Apesar da direção sem muita personalidade, M3GAN não deixa de entreter o espectador em nenhum momento. O trabalho de Akela Cooper, somado ao desempenho do elenco, promove um resultado feliz para os fãs de terror. Tanto a atriz mirim Violet McGraw (A Maldição da Residência Hill, de 2018, e Doutor Sono, de 2019) como a veterana do gênero, Allison Williams (Corra!, de 2017, e A Perfeição, de 2018), criam uma dinâmica em cena interessante que ajuda no ritmo da produção.
M3GAN inicia a temporada das grandes estreias de terror do ano abrindo as portas para o inesperado. Além de se provar como um filme de qualidade que não pretende ser uma cópia barata de nada, o longa ainda se torna um terror b acessível para todos os públicos. O absurdo mostrado em tela não se distancia de um temor da modernidade, o que dá mais liga ao produto final.
Quanto à promessa de uma possível continuação da narrativa, como já anunciado em diversos veículos de comunicação, ela não soa forçada. E, diferente de outros projetos do gênero, também não servirá apenas como uma forma de ganhar mais dinheiro. Existe um caminho para se continuar essa história de forma criativa e interessante. Talvez a única mudança que M3GAN precise para uma continuação é um tom mais sombrio para que o contraste com a comicidade dos absurdos se torne ainda mais marcado.
Assista ao trailer de M3GAN:
Uma resposta
Gostei muito do trailer. Ela realmente parece assustadora. 😟😟