A proposta de Drop: Ameaça Anônima é bem cativante, seguindo a linha de transformar um momento cotidiano, aparentemente inofensivo, em ponto de partida para um suspense psicológico. Toda a intriga do AirDrop tem seu charme e nos deixa imersos, mas o longa acaba se perdendo em uma busca desproporcional por reviravoltas e complexidade.
O início do filme se apoia na simplicidade do conceito e consegue gerar uma tensão palpável, com mistério crescente e boas suspeitas sendo levantadas. Mas à medida que avança, o projeto perde o controle do próprio ritmo e acaba se entregando ao excesso, comprometendo parte do que havia construído.
A trama gira em torno de Violet (Meghann Fahy), uma mãe viúva que almeja superar traumas passados e se reestabelecer mentalmente, voltando a ser alguém com objetivos e sonhos sem se limitar a viver apenas pela maternidade. Neste contexto, a moça marca um encontro com Henry (Brandon Sklenar) em um luxuoso restaurante e é então que passa a receber arquivos via AirDrop, logo o que parecia ser uma brincadeira boba rapidamente se transforma em uma sequência de eventos cada vez mais perigosos.
Veja o trailer de Drop:
Com uma gama limitada (a distância) de suspeitos, a protagonista precisa descobrir quem está por trás da ameaça, como lidar com cada situação que a envolve e por que foi escolhida como alvo. O mistério se sustenta por boa parte do filme, instigando o espectador e criando uma atmosfera densa.
A primeira metade é eficiente a partir de uma condução firme da tensão enquanto os personagens secundários são bem posicionados como possíveis suspeitos. O roteiro não entrega respostas fáceis e a cada detalhe que é deixado passar pelo criminoso, diferentes pessoas vão se enquadrando como possível responsável pela situação. A trilha e direção (bem autoral) também ajudam a manter o clima sombrio, e mesmo que algumas situações exijam certa suspensão de descrença, o filme ainda consegue manter o interesse.
No entanto, as coisas acabam desandando no último ato. O filme antecipa sua grande revelação e, em vez de manter o suspense até o último segundo, escolhe transformar o mistério em uma ação barulhenta e nada sutil. A trama se complica desnecessariamente com uma reviravolta em cima da outra, perdendo o foco e o tom. O que era uma narrativa controlada e contida vira uma sequência de lutas, vidros quebrando e correria, destoando completamente da proposta inicial.
Além disso, o roteiro parece tentar justificar as escolhas do antagonista com explicações rasas. Os conflitos pessoais da Violet tentam aplicar um peso maior às suas decisões, no entanto são ilustrados por flashbacks que miram carga dramática, mas acabam apenas entregando de bandeja o que virá acontecer a seguir e tornando a sequência final da corrida por sua redenção muito previsível. A sensação é de que o filme não soube onde parar e tentou entregar impacto a qualquer custo.
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Drop, no título original, consegue ser um suspense eficiente, daqueles que funcionam pela simplicidade e identificação com a proposta. Ainda assim, no terço final, ao se perder no próprio excesso e forçar um encerramento grandioso, acaba soando como uma oportunidade que poderia ser melhor aproveitada. A conclusão pode deixar um gosto amargo, mas não apaga os bons momentos e sacadas interessantes deste thriller que vale a pena ser visto por sua autenticidade.
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