O gênero do terror é, sem dúvida, um dos mais versáteis do cinema. Nos últimos anos, temos visto uma leva de filmes que exploram diferentes abordagens dentro do horror, sempre com uma qualidade crescente. Seja pelos sustos, pelo desconforto psicológico ou pelo sobrenatural, o medo tem sido reinventado de forma criativa. Exemplos recentes disso são A Hora do Mal, que reinventa o tema da bruxaria com uma pegada de suspense sobrenatural; Pecadores, que mistura terror e ação em um quase faroeste de vampiros; e Faça Ela Voltar, um filme de possessão com toques de bruxaria e um gore bem dosado.
Dentro desse contexto, surge Bom Menino (Good Boy, no original), uma das surpresas mais curiosas e criativas do ano. A proposta é ousada: contar um filme de terror inteiramente do ponto de vista de um cachorro. E o mais surpreendente é que funciona, e muito bem. Bom Menino entrega exatamente o que promete, e é justamente essa simplicidade honesta que o torna tão bom.
Veja no instagram:
Contar uma história de horror pela perspectiva de um animal parece algo bem improvável, mas aqui a execução é bem feita. O filme é contido, sem apelar para o gore excessivo, para a violência gratuita ou para a enxurrada de jump scares típicos dos terrores mais comerciais. Ele aposta em um horror mais atmosférico, sustentado pela tensão crescente e pela estranheza do ponto de vista do protagonista.
A fotografia é um dos grandes destaques. A câmera acompanha o mundo a partir da altura e do olhar do cachorro, reforçando o quanto ele é o verdadeiro centro da narrativa. Essa escolha, combinada com uma direção precisa, cria um clima de desconforto constante. Afinal, estamos vendo o terror acontecer com um ser que não tem como reagir ou se libertar, e isso causa um tipo de angústia muito específica.
Outro acerto é o roteiro, que foge do óbvio. A trama é imprevisível em vários momentos e tem uma camada subjetiva que faz o espectador duvidar do que realmente está acontecendo. É o tipo de história que prende pela curiosidade, pela dúvida entre o real e o imaginário, e que nos mantém interessados até o desfecho.
Assista ao trailer
Com pouco mais de uma hora de duração (!), o filme é ágil e direto ao ponto. Sua narrativa é bem estruturada, com começo, meio e fim definidos, sem deixar pontas soltas. Ele tem um charme de filme B em certos aspectos — na fotografia, na paleta de cores e até na proposta —, mas sabe exatamente o que quer ser. É uma produção segura, consciente de suas limitações e muito eficiente dentro delas.
E vale um destaque especial: a atuação (ou melhor, o adestramento) do cachorro protagonista é notável. O animal transmite emoção e vulnerabilidade de um jeito impressionante, o que só é possível graças à direção cuidadosa e atenta que guia cada cena.
No fim, Bom Menino é um filme que não necessariamente assusta, mas intriga, prende e, acima de tudo, surpreende. É um terror diferente, curioso, envolvente e muito bem executado. Um ótimo exemplo de como boas ideias, quando bem conduzidas, ainda podem renovar o gênero, mesmo quando o protagonista é um cachorro.
E para ficar por dentro das principais informações sobre a cultura pop, siga @6vezes7 no Instagram, TikTok, Twitter e YouTube!









