Desde o anúncio das adaptações cinematográficas do musical Wicked, uma dúvida comum entre o público voltou a circular: afinal, Wicked é um spin-off de O Mágico de Oz? A resposta não é simples, mas passa diretamente pela forma como a obra reinterpreta o universo clássico criado por L. Frank Baum e imortalizado no cinema pelo filme de 1939.
Embora compartilhem personagens, cenários e eventos, Wicked não funciona como continuação ou derivado direto, mas sim como uma releitura crítica e revisionista da história que o mundo já conhece.
Como surgiu Wicked?
Wicked nasceu como um romance de 1995, Wicked: The Life and Times of the Wicked Witch of the West, escrito por Gregory Maguire. O autor tinha o objetivo de revisitar contos e clássicos infantis sob uma perspectiva adulta, política e subversiva. Assim, transformou a Bruxa Má do Oeste (a grande vilã de O Mágico de Oz) em protagonista, expondo injustiças sociais e distorções históricas dentro do próprio mundo de Oz.
O livro teve impacto, mas o fenômeno cultural veio em 2003, com a estreia da adaptação musical na Broadway. A peça se tornou um dos maiores sucessos teatrais da história, popularizando a versão mais emocional e acessível da história e estabelecendo a amizade entre Elphaba e Glinda como seu núcleo dramático.
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O que Wicked conta
Enquanto O Mágico de Oz segue a jornada de Dorothy ao chegar em Oz, Wicked recua no tempo para contar a vida de Elphaba, ainda jovem, e sua complexa relação com Glinda. A narrativa amplia e subverte elementos do original:
- Elphaba, nascida com pele verde, cresce sendo discriminada e encontra na militância contra injustiças seu propósito;
- Glinda, inicialmente fútil e privilegiada, desenvolve uma amizade profunda com Elphaba, apesar dos contrastes;
- O Mágico deixa de ser um líder benevolente e passa a ser retratado como manipulador, responsável por políticas opressoras contra os Animais falantes;
- Os icônicos macacos alados surgem como vítimas de experimentos e não como monstros;
- A construção da imagem de “Bruxa Má” é apresentada como propaganda política, e não como resultado de maldade genuína.
A obra também fornece origens inéditas ou reinterpretadas para figuras clássicas como o Espantalho, o Homem de Lata e o Leão Covarde, conectando-os indiretamente à trajetória da protagonista.
Wicked é ou não é parte do mesmo cânone de O Mágico de Oz?
A resposta curta: não exatamente.
Wicked só existe porque reconta Oz de maneira diferente. Se as duas obras compartilhassem o mesmo cânone oficial, haveria contradições claras:
- O Mágico é herói na versão de 1939, mas vilão em Wicked;
- A Bruxa Má é uma ameaça no filme clássico, mas vítima de perseguição política na releitura;
- A relação profunda entre Elphaba e Glinda não aparece no filme de 1939;
- Os elementos políticos e sociais de Oz são completamente diferentes em cada obra.
Para que Wicked fosse um spin-off direto, seria necessário reescrever a história de O Mágico de Oz, algo que nunca aconteceu.
Por isso, a melhor definição é: Wicked é uma história paralela que usa Oz como base, mas quebra e desmonta suas estruturas narrativas.
Podem coexistir, narrativamente?
Sim, dependendo da interpretação adotada.
Uma leitura comum entre fãs sugere que:
- O Mágico de Oz seria a versão oficial, contada pelos vencedores e reforçada pela propaganda;
- Wicked seria a versão verdadeira, revelando injustiças, manipulações e pontos omitidos na narrativa tradicional.
Assim, os dois universos poderiam coexistir como perspectivas diferentes sobre os mesmos eventos, quase como duas versões de uma história histórica contada por lados opostos.
Por que Wicked não é um simples spin-off?
Porque sua função não é expandir Oz, mas questioná-lo.
Wicked revisita a clássica lógica maniqueísta (Bem contra Mal) e a desmonta com profundidade emocional e política. Ele transforma uma vilã bidimensional em protagonista trágica, expõe estruturas de poder e confronta a forma como narrativas são construídas, tanto em Oz quanto fora dele.
Wicked não é um spin-off direto, mas uma reimaginação profunda e crítica do universo de O Mágico de Oz. Ele usa a obra original como molde para criar uma narrativa paralela, adulta e politicamente carregada, convidando o público a enxergar que nenhuma história tem apenas um lado.
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