Após um longo período sem grandes lançamentos de ficção científica original, Mickey 17 surge como uma proposta criativa e instigante. Dirigido por Bong Joon-ho, vencedor do Oscar por Parasita (2019), e estrelado por Robert Pattinson, o filme apresenta uma narrativa inovadora e atrativa, ainda que deixe algumas pontas soltas ao longo do caminho.
A trama acompanha uma colônia humana que abandona a Terra em busca de um novo planeta habitável. A grande maioria das pessoas dessa colônia, vale destacar, são fanáticos por um político frustrado (Mark Ruffalo), que é quem lidera a exploração ao lado de sua esposa (Toni Collette). Quanto a isso, o filme deixa bem claro sua crítica ao fanatismo político e autoritarismo.
Nesse contexto, conhecemos Mickey (Robert Pattinson), um homem desiludido com sua vida que se voluntaria para ser um “descartável”, ou seja, um indivíduo criado para morrer repetidamente em testes científicos e missões perigosas, retornando sempre como um clone. Nenhuma versão sua deve coexistir, e é a partir dessa premissa que o filme constrói seu universo e seus conflitos.
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Tecnicamente, Mickey 17 impressiona. A fotografia é bonita, os efeitos visuais funcionam bem dentro da proposta e as atuações são um ponto alto. Pattinson entrega uma performance cativante, especialmente quando interpreta diferentes versões de si mesmo, trazendo nuances distintas para cada uma. A direção de Bong Joon-ho também se destaca, equilibrando bem o tom do filme e explorando com inteligência seus elementos de ficção científica.
No entanto, o ritmo do longa pode ser um problema. A introdução se estende por tempo demais, e a trama demora a engatar, tornando a experiência menos fluida do que poderia ser. Se analisarmos isoladamente certas cenas e acontecimentos, o filme entrega sequências memoráveis, mas, ao juntá-las, a experiência como um todo parece apenas “ok”, sem atingir todo o seu potencial.
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- Lobisomem (2025) é longa espera para pouco perigo;
- O Macaco é um terror cômico absurdo e nada tradicional.
Em alguns momentos, a narrativa se dispersa ao apresentar personagens e subtramas que nem sempre têm o desenvolvimento necessário. Por exemplo, na tentativa de aprofundar o passado de Mickey e adicionar uma camada de emoção, o filme apenas insere um momento esquecível, já que aquilo não interessa de forma alguma.
Ainda assim, Mickey 17 é um filme acima da média dentro do gênero. Ele resgata a essência da ficção científica “raiz”, abordando temas como tecnologia, clonagem, exploração espacial e até nuances políticas. Embora não tenha momentos altamente emocionantes, sabe mesclar humor e tensão na medida certa, garantindo uma experiência envolvente.
No fim das contas, Mickey 17 pode não ser uma obra-prima, mas é um filme instigante, que traz um frescor necessário ao gênero e reafirma a competência de Bong Joon-ho na construção de histórias provocativas.
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