Queer, o novo filme de Luca Guadagnino (Rivais), é uma obra que desafia convenções ao unir uma narrativa introspectiva a uma estética deslumbrante. Ambientado no México da década de 1940, o longa propõe uma exploração profunda da solidão e do autoconhecimento, mas acaba escorregando devido à sua abordagem narrativa lenta e às mudanças abruptas no tom.
Logo de início, Queer impressiona pela sua ambientação. Os cenários, meticulosamente preservados, transportam o espectador para uma época passada com uma precisão quase hipnotizante. A estética do filme, somada à riqueza de detalhes históricos, cria uma atmosfera que é tanto nostálgica quanto encantadora, transformando a paisagem em uma extensão da jornada do protagonista. À medida que o enredo avança, os cenários mudam para refletir a evolução interna do personagem central, interpretado de forma marcante por Daniel Craig.
O filme começa como um romance intimista e se transforma em uma aventura surrealista. A trama apresenta o personagem de Craig, um homem que desenvolve uma obsessão por um jovem misterioso, interpretado por Drew Starkey. Com o tempo, surgem dúvidas sobre a existência desse jovem, levantando interpretações mais abstratas – ele seria uma projeção de sua versão mais jovem? Ou uma metáfora para os dilemas internos sobre sua sexualidade e identidade? Essa dualidade adiciona camadas ao filme, mas também contribui para uma narrativa confusa que nem sempre sustenta o peso de suas próprias ideias.
Embora o conceito de autodescoberta permeie a história, Queer deixa muito implícito, optando por uma abordagem mais visual e emocional do que narrativa. Esse estilo, embora intrigante, torna a experiência cansativa, especialmente com a falta de clareza em momentos cruciais e uma virada de trama que parece abrupta. A tentativa de impactar o público com eventos trágicos nem sempre adiciona profundidade, mas serve para criar um drama que, em alguns casos, parece forçado.
A performance de Daniel Craig é um dos pontos altos do filme. Ele transmite a angústia e as dúvidas do protagonista com sutileza e intensidade, compensando, em parte, a falta de dinamismo da trama. A fotografia, por sua vez, é impecável, oferecendo um espetáculo visual que combina com a ambição estética do filme.
Queer é uma obra ambiciosa, mas que não consegue sustentar plenamente seu potencial. Com uma narrativa que se perde em seu próprio simbolismo e um ritmo irregular, o filme entrega uma experiência mediana, apesar de sua proposta interessante e da qualidade técnica. Para quem busca uma história que provoque reflexões e desafie interpretações tradicionais, Queer oferece momentos instigantes, mas exige paciência e disposição para imergir em sua complexidade implícita.
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