Dragon Ball Super: Super Hero é o novo filme de um dos animes mais populares do mundo. Tendo estreado nesta quinta-feira (18), a história é centrada em Piccolo e Gohan, que mantém uma relação paternal desde o início de Dragon Ball Z. Dessa vez, temos o retorno da já conhecida organização Red Ribbon, que existe desde o anime clássico, perdurou pelo Z e agora dá as caras novamente, com uma pequena ajuda da conveniência.
Conveniência talvez seja a melhor palavra para se referir a diversos artifícios narrativos que o filme utiliza. Super Hero lembra bastante da natureza do que a franquia já foi um dia. Tem um ótimo uso do humor, com momentos que com certeza vão arrancar gargalhadas, e entrega cenas de luta memoráveis, com um teor épico comum de Dragon Ball. Todo fã, que acompanhou a saga ao longo dos anos, com seus altos e baixos, e que continuou gostando da franquia mesmo assim, com certeza vai adorar o que tivemos aqui! Entretanto, é necessário engolir vários sapos para continuar se divertindo quando o roteiro começa a colaborar demais para que o filme mostre o que tem de melhor, como quando achamos lixo que foi varrido para debaixo do tapete.
Tentando manter os pés no chão, a trama se passa inteiramente na terra, mostrando um pouco mais do cotidiano de todos ali, assim como o “mundo real” do universo do anime. A grande problemática é que, uma vez que os personagens já chegaram a um patamar de poder equiparável a deuses, capazes de destruir mundos num piscar de olhos e driblar a morte com um desejo, dar um passo para trás gera um certo descontentamento com aquilo tudo, dando um gostinho de episódio filler para a narrativa.
Conseguindo deixar isso de lado, outro tópico que foi controvérsia é a sua animação, saindo do clássico 2D e utilizando CGI, o que sim, gera um estranhamento inicial, mas proporciona cenas maravilhosamente lindas. A cinemática mostrada em DBS: Super Hero é fantástica. A Toei Animation não é conhecida por suas animações de alta qualidade, muitas vezes pelo contrário. Porém, aqui eles acertam indo para um lado não tão explorado nos animes, emulando o tom e fluidez de obras como Demon Slayer, bastante coloridos e com mais vida.
Um fator fora filme, mas que merece atenção. Os direitos do novo filme de DBS foram adquiridos pela Crunchyroll e distribuído no Brasil pela Sony Pictures. Em abril, Wendel Bezerra, que dá voz ao Goku, comentou sobre o lançamento do filme, que na época não havia sequer sido anunciado em território nacional. Confira:
O marketing é uma parte crucial do filme, e parece que dessa vez não houve tanto planejamento assim. É difícil dizer quem tem culpa nessa história toda, mas a falta de divulgação vem deixando diversas salas vazias em vários estados brasileiros. Como o filme foi anunciado há mais de um ano, tendo inclusive sofrido com adiamentos no Japão, o motivo pelo qual esperaram tanto tempo para anunciar a produção no Brasil segue nebuloso — uma vez que os três filmes anteriores da saga, A Batalha dos Deuses (2013), O Renascimento de Freeza (2015) e Broly (2019) foram lançados com dublagem brasileira nos cinemas.
Dragon Ball é uma saga que ultrapassou gerações e sem dúvidas teria um grande potencial para lotar sessões por aí, assim como já aconteceu. Essa situação pode acabar culminando num ponto que faça com que outras animações japonesas não sejam lançadas nos cinemas brasileiros. Atualmente, a popularidade de animes está mais alta do que nunca. Demon Slayer: Mugen Train fez mais de US$ 500 milhões ao redor do mundo. Jujutsu Kaisen também estreou nos cinemas brasileiros, assim como outros novatos, como My Hero Academia. Espera-se que o novo filme One Piece: Red também chegue aos cinemas de nosso país, pela primeira vez. Mas para isso, é necessário atenção e empenho tanto dos distribuidores quanto do público consumidor de animes, acostumado em assistir tudo em sites piratas, sem pensar no que aquilo pode resultar para o futuro do mercado de animes no Brasil.