Atuações de arrepiar, roteiro aprofundado, produção impecável e personagens cativantes; tudo isso definitivamente está em falta em Ursinho Pooh: Sangue e Mel. Um terror slasher aos moldes de muitas produções independentes que priorizam chocar graficamente o público em detrimento de uma narrativa coesa. Um longa que tenta abraçar o cinema trash, mas não consegue ser efetivo em nenhuma das suas empreitadas.
O que mais chama atenção negativamente é o amadorismo na continuidade dos seguimentos e evolução natural da trama. É um daqueles filmes que parecem ter sido pensados através de uma premissa inusitada, neste caso um “e se o Ursinho Pooh fosse um assassino”, e a partir disso foram montadas diversas cenas impactantes, porém sem nenhum fio narrativo que as relacionem de forma coerente.
Sobre os personagens e seus interpretes, é bem prolixo tentar aprofundar algum comentário. O longa aparenta não se preocupar muito neste progresso ou mesmo em tentar dar algum valor a eles, que acabam por se configurar como meros mecanismos para as sequências de morte. Nesse sentido, o que mais incomoda são as explicações facilitadas e decisões absurdas, principalmente por parte do núcleo principal.
É comum privilegiar os segmentos de gore neste subgênero e, por consequência, precisamos que nossa suspensão da descrença dê as caras para conseguirmos abraçar a proposta do filme. O problema surge quando as soluções são tão absurdas que não conseguimos julgar aquilo como plausível. Uma mulher sozinha ver uma figura enorme à espreita e apenas ignorar a situação? Isso desafia o bom senso de qualquer expectador.
Mais infelicidade vem à tona na execução técnica do longa. Uma fotografia característica de obras da década passada e pouca inspiração no geral, com direito a transições dignas de “Vale a Pena Ver de Novo” para os flashbacks. Ainda nesse quesito, é importante citar a maquiagem lamentável, que inclusive impacta diretamente na perspectiva da trama e surgem questionamentos um tanto quanto involuntários como: “ele é realmente um urso ou um homem fantasiado?”.
E para responder à pergunta anterior, o roteiro mais uma vez usa uma de suas soluções facilitadas, nesse caso um diálogo expositivo. Muitas vezes é legal curtir uma trasheira sem ter que pensar muito, mas a falha acontece quando a produção não se propõe minimamente a tentar sair da futilidade e do superficial. Até a cena de nudez (quase que obrigatória nesse estilo de filme) é mais preguiçosa que o comum, os personagens são estereotipados e baseiam toda sua participação em uma única característica, as decisões tomadas são inexplicavelmente deixadas de lado e por aí vai.
O projeto poderia ter agregado o humor no intuito de abraçar o nonsense ou trazer um pouco mais de complexidade se o objetivo era aterrorizar. Infelizmente fica no meio do caminho e não traz nenhuma novidade ao slasher. Independente das características que você mais gosta no gênero, certamente Ursinho Pooh não será um grande achado, podendo até divertir, mas logo cairá no esquecimento.
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