
A nova sátira cômica de Hollywood, Não Olhe para Cima, acabou de chegar na Netflix. O que você faria se ouvisse que o mundo acabará em seis meses?
Um dos filmes mais aguardados de dezembro, pelo enredo improvável e o elenco estelar, o filme conta a história de dois cientistas medíocres, Kate e Dr Mindy, Jennifer Lawrence e Leonardo DiCaprio, respectivamente, que após descobrirem um cometa em rota de colisão com a Terra, vivem maus bocados para provarem ao mundo sua descoberta e convencerem a presidente dos Estados Unidos, aqui interpretada por Meryl Streep, a tomar alguma atitude em relação a isso.
Uma presidente negacionista e rodeada de escândalos, um bilionário da tecnologia capitalista e egocêntrico, uma popstar e influencer supérflua, tudo isso somado ao caos do fim do mundo — que é inacreditável para a maioria deles e tão perto da realidade que vivemos.
O filme é bem pastelão e sátiro, algo que não se via nas produções desse tamanho desde “Queime depois de ler”. Se a intenção era impactar pelo absurdo, Borat fez um trabalho muito melhor anos atrás e o filme acaba entregando uma sopa de assuntos e superficialidades, sem emoção ou apego para quem assiste.
Existe também uma forte crítica ao artificialismo midiático, o circo político que vivemos atualmente e a esnobe conduta dos representantes em relação ao futuro do planeta.
Cate Blanchett, Jonah Hill, Timothée Chalamet e até Chris Evans, participam da produção em cenas pontuais ou coadjuvantes, tornando inevitável o questionamento da relevância desse filme.
Dirigido e produzido por Adam McKay, famoso por obras como A Grande Aposta e Vice, a expectativa em cima dessa produção estava elevada e o filme por pouco as cumpriu.
A mensagem central da obra acaba no dilema de acreditar no que pode ser visto a olho nu (o cometa em direção a Terra), basta olhar para cima. Contra àqueles poderes que insistem em dizer que o fato é apenas uma artimanha para assustar a população, no pior gesto de negacionismo político, sob o lema “não olhe para cima!” — muito parecido com algo que o mundo vivencia nos últimos dois anos com a pandemia e especialmente no Brasil, com uma referência quase que direta ao trazer o personagem de Jonah Hill, como filho da presidente, defensor e porta voz das insanidades da mesma.
A obra vem para encerrar um ano atropelado de produções impactantes e que usa da sétima arte para conscientizar o público. Um filme nota 6, apesar dos esforços, elenco e conexões.