O terceiro filme da franquia Creed chegou aos cinemas e trouxe consigo a estreia majestosa de Michael B. Jordan na direção, além de também ser a estrela principal. Inclusivo, vibrante e carregado de emoção, o maior trunfo desse filme é sair do ninho confortável da saga Rocky e alçar seus próprios vôos.
Como bom fã de animes shounen — o famoso “anime de lutinha” —, Michael B. Jordan trouxe todo o seu repertório para a direção de Creed 3, referenciando várias animações japonesas famosas, como Dragon Ball Z, Naruto, Hajime no Ippo, Megalobox e vários outros possíveis. Somadas aos acontecimentos anteriores da franquia, essas referências endossaram a razão de o filme existir, garantindo momentos empolgantes e cheios de emoção.
Assista ao trailer de Creed 3:
A trama do filme, que se apresentava como simplista, foi explorada de maneira bastante interessante, sempre dentro da mitologia da saga. “Problemas do passado voltam a assombrar o protagonista e agora ele não pode mais fugir”. Era muito fácil cair no caminho genérico de apenas colocar o bem contra o mal em conflito, mas aqui, ainda por conta da forte inspiração em animes, o diretor optou por escolhas que se mostraram acertadas ao longo da narrativa.
O embate entre Michael B. Jordan (Adonis) e Jonathan Majors (Damian) é espetacular. A tensão entre os dois é nítida desde o começo, sugerindo a todo instante que algo está prestes a acontecer, nos deixando ansiosos para quando eles finalmente trocam socos. Na disputa entre eles, assistimos a uma das melhores lutas de toda a saga Rocky-Creed, com um momento de encher os olhos, ajustar-se na poltrona e ficar vidrado apenas apreciando cada movimento.
Aqui, Jonathan Majors brilha e se mostra um grande ator para interpretar antagonistas, em especial personagens que se acham soberanos, similar ao que fez recentemente como Kang, em Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania.
Ainda assim, também frutos dessas escolhas, o enredo acaba deixando algumas pontas soltas e utilizando artifícios para chegar logo onde interessa. Podemos sentir que certos diálogos são colocados no filme apenas para cortar caminho, nem sempre condizendo com o momento a qual o filme está. Numa tentativa de aprofundar o drama do protagonista, ironicamente, a narrativa cai em um dos maiores clichês dos animes, e embora funcione e até tenha sido um momento construído pelo roteiro, na cena seguinte essa página já foi virada e esse momento nem volta a ser lembrado.
Mesmo com certas coisas que podem vir a incomodar, a experiência de se assistir Creed 3 é positiva. O filme se desvincula de Rocky Balboa e abre espaço para seguir sua própria história — embora não tenha deixado nenhum gancho para uma sequência.