O cinema de tubarão já atravessou diferentes fases, desde a clássica tensão assinada por Spielberg em Tubarão até os longas assumidamente escrachados de Sharknado. Dentro deste complexo, Animais Perigosos soa como um meio termo dos mundos, não se encaixando na comédia ou terror, extraindo o tom de um com a condução do outro, resultando em uma grande bagunça. Há a tentativa de se levar a sério, mas tropeçam em quase todos os pontos que poderiam sustentar a produção. As falhas surgem tanto no desenvolvimento de personagens quanto na construção de suspense, entregando uma experiência rasa, repetitiva e fácil de se premeditar.
Na trama, acompanhamos Zephyr (Hassie Harrison) em luta pela sobrevivência após ser raptada por Tucker (Jai Courtney), um serial killer obcecado pela vida marinha. Uma premissa básica que não possui muitos fios narrativos, mas ainda assim, tudo é pouquíssimo desenvolvido. As relações soam artificiais, os diálogos são frases feitas que em nada agregam na maior parte do tempo e as reviravoltas aparecem sem base dramática, reforçando a sensação de algo mecânico, feito apenas para levar à próxima cena/esquete. Até mesmo o romance com Moses (Joshua Heuston), peça central da trama, é inacreditavelmente abrupto e essa pressa reforça a artificialidade.
Veja o trailer dublado de Animais Perigosos
Outro ponto frágil está na ausência de violência gráfica como incremento narrativo. O gore nem sempre é necessário, mas para um filme que aposta em tubarões e em um vilão assassino, sua falta compromete a tensão e reduz o alcance do roteiro. Os ataques são constantemente suavizados em sequências subaquáticas, sem entregar o choque ou a brutalidade que poderiam gerar algum desconforto real. E por outro lado, se não queriam se comprometer em subir a classificação indicativa, ao menos poderiam engatar algo mais cômico, o que também não acontece. Ao não assumir nem o exagero das produções trash nem a intensidade de um terror cru, o produto se perde em um meio-termo sem propósito.
No fim, Dangerous Animals é tão marcante quanto o seu título banal insinua. Apenas repete situações já vistas, sem evolução ou ousadia. A protagonista é o ponto forte da história, mas seu arco gira em torno de tentativas e fracassos que não acrescentam à sua própria evolução. Enquanto isso, o antagonista perde parte do seu potencial de intimidação tamanha retratação caricata ele possui (tudo isso além do seu destino completamente previsível). Colocando na balança, esse projeto entra no cerco dos filmes que precisam existir para uma assistida despretensiosa ou até mesmo para ser aquele white noise que deixamos na sala enquanto resolvemos algo realmente importante.
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