Invocação do Mal 4 escancara desgaste da fórmula | Crítica

Crítica | Invocação do Mal 4 é bom?resenha análise do filme vale a pena

O primeiro Invocação do Mal (2013) foi recebido como um sopro de renovação para o gênero, amplamente considerado um dos melhores e mais assustadores do século. E, de fato, seu impacto se justificava, a aposta em uma atmosfera mais crua e intimista aproximava o terror do cotidiano, fazendo com que o público acreditasse que aquela ameaça poderia alcançar qualquer um. A condução de um horror sobrenatural em um contexto mais enxuto gerava identificação imediata. No entanto, com o passar dos anos a franquia foi se distanciando cada vez mais de algo palpável e seu encerramento sofre com uma “mania de grandeza” somada a perda de autenticidade.

Neste quarto capítulo da trama, Ed e Lorraine Warren (Patrick Wilson e Vera Farmiga) retornam enfrentando mais um suposto caso de rotina que acaba se revelando como algo particularmente muito mais destrutivo. Em meio ao cenário, o casal enfrenta desafios pessoais enquanto a filha Judy (Mia Tomlinson) está nos preparativos para seu casamento. As circunstâncias se tornam ainda mais delicadas quando a entidade demoníaca revela uma profunda conexão com a família.

Veja o trailer dublado de Invocação do Mal 4: O Último Ritual

Boa parte do problema está na condução de Michael Chaves (um gênio do horror responsável por obras-primas como A Freira 2 e Maldição da Chorona) que já havia demonstrado limitações em projetos anteriores. Sua direção se mostra genérica, apoiada em recursos repetitivos que não oferecem nada que diferencie o quarto filme dos inúmeros concorrentes do gênero. De certo modo, há uma linha tênue que separa algo macabro e perturbador do completo ridículo e isso fica evidente em algumas cenas que soam banais e até involuntariamente cômicas. O longa, mesmo que consiga em momentos pontuais criar uma atmosfera mais sombria, não consegue manter a tensão nem entregar imagens memoráveis, algo que a saga outrora fez com maestria, vide a cena das palmas ou mesmo a primeira aparição de Valak.

Outro fator que compromete o envolvimento é a dependência narrativa dos dons de Lorraine. Se antes suas “visões” funcionavam como complemento, aqui elas se sobrepõem se tornando o caminho mais preguiçoso para grandes resoluções. Isso elimina o espaço para uma investigação de fato, já que os personagens passam a receber respostas imediatas e convenientes. Assim o público é privado da sensação de descoberta e do prazer de acompanhar a construção do mistério. A ameaça sobrenatural, que deveria ser o motor do enredo, fica em segundo plano, enquanto o roteiro se concentra em engrandecer os Warren como figuras quase messiânicas.

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The Conjuring: Last Rites não só deixa de acrescentar algo relevante ao gênero como também contribui para desgastar ainda mais o próprio título. Entre sustos previsíveis, ambientação pouco inspirada e um excesso de foco no heroísmo dos seus protagonistas, a produção se distancia do espírito original que marcou a década. O resultado final é um terror superficial, incapaz de surpreender ou provocar impacto que persista pós assistida, inclusive penando para construir tensão significativa até mesmo durante a sessão.

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